Publicado por: João Frigerio | 4/novembro/2012

O Palmeiras está certo… porque a regra está errada!

A grande discussão da semana em sites de esportes e várias redes sociais foi sobre o pedido do Palmeiras para anulação da partida contra o Inter-RS, no qual há indícios de que a arbitragem teve auxílio de imagens de TV para anular o gol do atacante alvi-verde, Barcos. O Palmeiras acabou perdendo a partida por 2 a 1.

O gol de Barcos foi claramente com a mão, e pelas regras do jogo, não deveria ser validado. No entanto, parece evidente que a decisão do árbitro foi influenciada por agentes externos – alguém teria alertado o quarto árbitro de que as imagens de TV mostravam claramente a ilegalidade do lance. Este fato poderia ser interpretado como erro de direito e daria sustentação ao pedido do clube paulista.

A discussão desde então varia entre conceitos ideológicos e jurídicos. Ideologicamente, é claro que o resultado obtido dentro de campo foi o justo, pois o gol havia sido ilegal. No entanto o meio utilizado para se punir o infrator (Barcos/ Palmeiras) também foi ilegal, e é portanto não aceitável.

Eu acredito que, mal-comparando, podemos fazer um paralelo a uma situação na qual, por exemplo, um crime é descoberto através de grampos telefônicos ilegais (sem autorização da justiça). As provas obtidas desta maneira não devem e não podem ser utilizadas para condenar um réu*, mesmo que seja evidente a culpa do mesmo. O caso do gol do Barcos é mais ou menos parecido. Ele cometeu um delito (gol de mão), mas a prova do mesmo teria sido obtida de maneira ilegal.

Há no entanto uma grande e importante diferença entre os paralelos traçados. No caso de não se poder utilizar gravações de grampos telefônicos ilegais, a regra (a lei) é boa. Procura-se evitar uma série de abusos que poderiam comprometer a vida privada de todos os cidadãos. Já o fato de não se poder utilizar imagens de vídeo para auxiliar a arbitragem de futebol é extremamente ruim!

Nos dias atuais, a proibição de auxílio de imagens de vídeo não faz absolutamente nenhum sentido.

O árbitro de futebol talvez seja hoje o ser mais injustiçado do esporte moderno. Chega a ser desumana a cobrança que lhes é feita. Eu digo desumana porque os resultados que se cobram são humanamente impossíveis de se obter. O árbitro tem uma fração de segundos para decidir sobre lances que serão analisados em câmera-lenta, por vários ângulos, com outros recursos digitais (e.g. tira-teima) que eventualmente mostrarão que um atacante estava 30 cm em impedimento, e portanto o gol que decidiu a partida deveria ter sido invalidado. Como resultado, o árbitro que validou o gol é suspenso!

Os dois vídeos abaixo – envolvendo o mesmo árbitro, Carlos Francisco Nascimento – mostram exatamente como a utilização de vídeo deveria ser permitida. Se fosse o caso, ao invés de toda a polêmica, as partidas teriam sido reiniciadas rapidamente, e com a decisão acertada.

O vídeo também poderia ajudar o árbitro na questão disciplinar e certamente coibiria um dos grandes males do esporte atual: a simulação. O ábitro poderia conferir imediatamente se um jogador que se joga ao solo com as mãos no rosto foi realmente atingido ou está fazendo firula ou se houve realmente um pênalti ou não.

A FIFA não precisaria (e nem poderia) impor o uso de vídeo para arbitragem, mas deveria permitir que o mesmo fosse usado se os organizadores de competições (ligas e federações) assim o desejassem. À FIFA caberia ditar algumas regars de como o vídeo poderia ser utilizado. A meu ver, o árbitro deveria poder consultar imagens de vídeo sempre que sentisse necessidade. Seja cinco, dez, ou mesmo nenhuma vez durante a partida. As equipes poderiam ter também um “desafio” por tempo, mais ou menos como se faz no tênis hoje em dia. Ao invés dos auxiliares atrás da linha de fundo, bastaria um quinto (vídeo)árbitro do lado de fora para auxiliar o árbitro principal.

Hoje a FIFA não permite que lances polêmicos sejam reprisados nos telões dos estádios, justamente para que a arbitragem não seja influenciada pelas imagens nem que os torcedores pressionem o árbitro, se as imagens forem evidentes ao mostrarem que o mesmo errou. Este segundo argumento logo se tornará obsoleto. Em pouco tempo milhares de pessoas nos estádios poderão ver as repetições de jogadas em seus smart-phones e saberão, em tempo real, se o árbitro errou ou acertou. Ou seja, a única pessoa no estádio que não terá acesso a tecnologia e não terá certeza se a decisão foi certa ou errada será justamente aquele que deveria ter os melhores recursos para tomar uma decisão. O árbitro.

Faz sentido?

*No Brasil, gravações telefônicas podem ser usadas como prova, mesmo que tenham sido feitas sem qualquer autorização judicial ou sem o conhecimento de quem estava na outra ponta da linha, desde que/somente se forem feitas por um dos interlocutores. 

Publicado por: João Frigerio | 22/julho/2011

Esporte no Brasil: por que isto é um bom negócio?

Hoje é ‘senso comum’ dizer que o Brasil é O LUGAR para se fazer negócio com esporte – estimulado principalmente pela Copa do Mundo da FIFA 2014 e pelos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Esta apresentação não só apresenta números que confirmam o crescimento do Brasil no setor de business esportivo, mas também mostra dificuldades e desafios encarados por empresas (especialmente estrangeiras) que queiram entrar nesse mercado.

Como é uma apresentação voltada para o público internacional, ela foi publicada em inglês.

Sport in Brazil – Why is that good business?

Para ver mais sobre Joao Frigerio, vá ao site FRIGERIO.com.br
Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 23/maio/2011

Copa de 2014 – Estamos em 2009 ainda?

Caros amigos, este texto também tem o intuito de trazer de volta um projeto iniciado há tempos por quatro amigos, três ex-alunos, que criaram este espaço para patrocinar uma discussão mais elevada a respeito dos negócios do futebol, depois de um ano outros quatro amigos, dentre eles eu, fomos incorporados ao time e passamos a produzir textos e fomentar discussões bastante interessantes.

Como o assunto é apaixonante demais tivemos de tudo por aqui, opiniões equilibradas, outras mais apaixonadas, algumas baixarias devidamente moderadas e algumas até publicadas para que passassemos a temperatura exata do problema. Foi divertido.

Infelizmente, a rotina de trabalho engoliu cada um de nós e o projeto foi perdendo prioridade, alguns de nós mudaram de emprego, de função ou as duas coisas mas, certamente, todos, sofreram um incremento na carga de trabalho advindo do crescimento profissional de cada um de nós.

Conversando com o amigo Marcos Silveira, a quem chamo de editor-chefe do blog sendo este um título que ele humildemente o recusa mas o ocupa quando é preciso tomar a frente, vi que era hora de arrumar um tempinho e voltar a escrever, o assunto deste texto será a Copa de 2014, ou de 2038 como propõe a revista Veja em sua edição desta semana.

Continuo sendo muito acessado pela imprensa para comentar os aspectos voltados ao negócio esporte no Brasil, veículos como Tv Record, Eldorado, O Globo (jornal), CBN e diversos outros veículos tem me dado oportunidade de servi-los como fonte para este tema que cada vez ganha mais importância, tanto no caderno de esportes como nos de economia e negócios, confesso que gosto deste movimento.

Desde 2007, no Dossiê Esporte como aqui no blog, quando em 2009 perguntei se ainda lembrávamos que em 2014 teríamos Copa no país, manifestamos nossas preocupação com a lentidão com que aqui no Brasil de tomam decisões, se fazem investimentos e da constante politização de tudo o que é feito. A única diferença é que agora estamos no meio de 2011, e que daqui a dois anos teremos já a Copa da Confederações.

Dói muito ler, e observar, que no ritmo que estão as coisas estaremos prontos para a Copa de 2038 apenas. Claro que se trata de uma extrapolação matemática onde a variável foi o ritmo de liberação de pagamentos por pedaço de obra executada, mas é um indicador, melhor que nada e muito melhor que as falas do Ministro dos Esportes dizendo que “tem certeza que tudo estará pronto…..que será a melhor Copa de todos os tempos” e por aí vai.

Não morro de amores pela Revista Veja, mas nesta reportagem creio que há o mérito de criar um indicador interessante e outro mérito de ter consolidado o andamento e orçamento das obras mais visíveis necessárias para a realização do evento.

A reportagem, a meu ver, começa a tirar a imprensa do imobilismo que me custa entender, ou as editorias de esporte não tem repertório suficiente para questionar o andamento dos preparativos, o que não creio, ou o assunto não interessa pois o leitor não entende ou há o risco desta mesma imprensa, da qual os governos tanto reclamam, estar amordaçada por alguma razão que desconheço. Espero estar enganado em todas as hipóteses anteriores, mas que há imobilismo, há.

Uma provocação inicial passa pela análise de um outro indicador, criado pelo próprio presidente da CBF, que disse que esta seria a Copa da iniciativa privada. O sucesso, disse a mesma autoridade, seria alcançado por quanto mais houvesse investimento privado e menos investimento público, inclusive em estádios. O que observamos é que aproximados 94% dos investimentos serão públicos. Não há o que discutir quanto a indicadores, com 6% de investimento privado, a Copa de 2014 já é um rotundo fracasso.

Alguém em perfeito juízo consegue imaginar por que uma empresa iria investir em um estádio com as pífias médias de público e tíquete médio encontrados no futebol brasileiro? Amir Somoggi, amigo e colunista deste blog, um dos engolidos pela rotina de trabalho e brilhante analista setorial do esporte, já calculou o retorno do investimento no Engenhão em 150 anos! Que dirá da arena de Manaus? Onde a média de público não chega a mil pagantes? Não há investidores e o Brasil cai na mesma armadilha montada por seus políticos e dirigentes esportivos, prometem iniciativa privada, se assume o compromisso com a comunidade internacional e na hora do “vamos ver” não há os tais investidores, sobra para o Estado e contribuinte….curioso é que os políticos até fingem uns dois segundos de surpresa, desculpe, mas para quem pensa um pouco tal conversa não convence mais.

Conhecemos nossos dirigentes esportivos e políticos, salvo pouquíssimas e honrosas exceções (assim ninguém me processa). Sabemos que sempre se deixa as coisas para a última hora para contratar obra de emergência sem licitação regida pela lei 8.666 e por aí vai. Mas para a Copa de 2014 até para isso está ficando tarde.

É tarde a ponto de apenas a arena de Fortaleza estar dentro do cronograma, e mesmo assim com tremenda boa vontade. Há informações que o projeto da arena de Brasília não previu gramado, traves, iluminação e cadeiras…o que tinha no projeto então? Um pasto cercado de um esqueleto de concreto?

O que vemos é um projeto sem liderança e sem coordenação alguma. Apenas assim podemos entender o que está acontecendo, é esta, a meu ver, a causa maior.

O político e dirigente esportivo tem por vício não querer, ou até conseguir por limitação intelectual, ver as coisas de forma sistêmica e/ou fora do círculo de seus interesses econômicos e políticos. O produto disso é uma soma de ações e discursos descoordenados cujo resultado é o que estamos vendo. Governo federal cobra os estados e municípios, estes dizem que não tem recursos, os tribunais de contas encontram inúmeras irregularidades, e sempre tem, e as obras não saem do papel.

Em São Paulo, a situação beira o ridículo. E é justamente no falar de São Paulo que surge a oportunidade para uma ressalva importante; este texto não tem nada de político/partidário; há em São Paulo sabores políticos para todos os gostos começando pela Cidade de São Paulo, Governo do Estado e Governo Federal, aqui tem do azul pro vermelho em um clique; e nenhum deles se entende ou faz a coisa direito, e o mundinho raso do futebol contribui em muito para a bagunça, o que me obriga a dizer que aqui não há favores clubísticos também.

Temos um estádio que existe e não serve e um estádio que serve mas não existe, isso na maior cidade do país. Todos são um pouco responsáveis, o São Paulo Futebol Clube apresentou projetos pífios de reforma do Morumbi, apostando que a FIFA ia flexibilizar suas demandas e/ou que jorraria dinheiro público para a reforma, nenhuma das duas coisas aconteceu pois a tal da CBF não gosta do clube nem de seus dirigentes e passou a usar o S.C.Corinthians Paulista como ariete para derrubar o “não-amiguinho”. Resultado, Morumbi não serve. Para resolver o problema bolaram um terreno em Pirituba, descobriram que este está em “quarentena” devido à contaminação por metais pesados quando lá havia uma fábrica.

Como desdobramento vem o S.C.Corinthians Paulista com um projeto a ser executado e custeado por uma construtora a pedido do presidente da república; ressalva : até havia um plano de negócio baseado em uma pesquisa bem feita com torcedores do Corinthians naquela região, mas que nada tinha a ver com a Copa. Agora é este o estádio da abertura, há quem duvide, sobretudo com custo de mais de 1 bilhão de reais.

Se falarmos de aeroportos seriam mais três páginas; falo do que eu conheço. O aeroporto de Cumbica tem as mesmas esteiras de bagagem de quando os terminais foram inaugurados, o aeroporto foi dimensionado quando havia, por exemplo, quatro vôos semanais para Nova York, hoje são três por dia, creio que já fui claro o suficiente. A Reuters repercutiu essa questão à exaustão, entrevistando, inclusive, profissionais capacitados do Infraero, que se recusam a assinar projetos com medo de verem suas carreiras interrompidas por eventuais denúncias de corrupção, mesmo sem tê-la praticado, pois eles são técnicos, e bons, diga-se de passagem.

Mesmo professor, com titulação em Administração e Planejamento, e com formação em gerência de projetos, confesso que não sei o que recomendar para sair dessa. Talvez encontrar uma lâmpada com um gênio dentro, mas mesmo assim seriam apenas três desejos.

Temos uma falta clara de lideranças, pessoas que possam gerar o movimento e que tenha conhecimento, poder de execução e moral para mexer as estruturas do país. O presidente da CBF não serve, há conflitos de interesse pois sua confederação disputará o torneio, em um país sério, isso já seria suficiente para torná-lo inelegível, mas o critério é outro. O ministro dos esportes é extremamente omisso e apenas aparece na mídia para jogar responsabilidades nas costas dos outros, sejam estados, municípios e clubes de futebol. Governadores e prefeitos embarcam na do ministro, rebatem as responsabilidades, alegam falta de recursos, cronograma apertado e todas as coisas que poderiam ser evitadas com planejamento sério que deveria ter começado em 2007, ou em 2009 quando se soube quais seriam as doze cidades sede. Estamos no meio de 2011.

Falta o Mandela que a África do Sul teve, falta o Beckenbauer que a Alemanha teve.

Aqui apenas temos velhas raposas que aceitam matar a vaca para que um pedaço maior do queijo lhes caiba, esquecendo-se de onde vem o leite.

A oportunidade de legitimar a visão de um país crescendo, destino de investimentos, com solidez institucional está a escapar de nossas mãos, o BRIC já se escreve por aí sem o B.

Isso é bem maior que o futebol, que a nossa ridícula classe política, que nossos incapazes dirigentes de futebol e que nossas burras elites que pensam que estação de metrô é “coisa de maconheiro”.

Vai mal a coisa.

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 30/agosto/2010

Estádio em Itaquera – Copa 2014 – Será que agora é sério?

Toda a imprensa noticiou no ultimo sábado com o devido destaque : o estádio paulistano para a Copa de 2014 será no bairro de Itaquera, e o estádio será do Sport Clube Corinthians Paulista, clube da segunda maior torcida do Brasil, a maior do Estado de São Paulo e de sua capital.

Por mais definitivo que isso possa parecer, sobretudo no tocante à indefinição reinante desde a “desqualificação” do Estádio do Morumbi, mesmo com diversos projetos de reforma e adequação, a notícia gerou mais perguntas que efetivamente respostas.

Mesmo sem nenhuma informação privilegiada, o F&N, por meio deste que vos escreve resolveu pensar um pouco a respeito e dividir com o nosso leitor, algumas de suas tentativas de conclusão.

O efeito midiático é impressionante, todos os meios de comunicação repercutem a questão, o clube completa cem anos de idade na próxima quarta-feira, e isso, para qualquer clube é um feito a se comemorar de maneira intensa e grandiosa, como comemorarão Santos F.C, S.E. Palmeiras, São Paulo F.C. e tantos outros clubes que temos pelo Brasil afora. Pelo que se comenta, a notícia seria dada durante as comemorações que se darão neste dia, mas vazou.

As associações ao projeto com o quadro político e eleitoral são inevitáveis. Temos eleição majoritária em pouco mais de um mês; o quadro caminha para uma definição em primeiro turno tanto no nível nacional como no Estado de São Paulo. Reparte-se o poder. Temos um presidente torcedor corinthiano, um governo de estado e uma prefeitura governados há anos pela oposição ao PT; o Governo Estadual e a Prefeitura da Capital há tempos sinalizam que não haverá dinheiro público para estádios; com o projeto “encaminhado”, como dizem, todos sairão na foto e correm para o cartório mais próximo para “registrar” a criança.

Falando algo sobre o projeto : seria um estádio de 48 mil lugares, a custo entre 300 e 350 milhões de reais. O custo unitário por assento fica em torno de quase oito mil reais, não parece absurdo, é até bastante razoável. Isto é possível porque o grande parceiro é uma contrutora grande, que construirá a custo. Até aí, tudo bem.

Para a abertura da Copa, são necessários mais de sessenta mil assentos, determinação da FIFA. Para tal, lê-se que seriam necessários mais 170 ou 180 milhões de reais. Mantendo a conta seriam mais 12 mil assentos, que custariam por volta de 15 mil reais cada, contando que para mais assentos é preciso já conceber a estrutura de forma a suportar mais lances de arquibancada, mais peso e mais pessoas, até faz sentido.

Para os nossos leitores de fora de São Paulo, onde e o que é Itaquera? Itaquera é um bairro da Zona Leste da Capital Paulista, zona esta que começa no bairro da Móoca, situado a poucos quilômetros do centro da cidade e que termina nos limites da Cidade com as cidades de Suzano, Poá, dentre outras. Lembrando, mesmo depois do Aeroporto Internacional de Guarulhos a cidade ainda continua pelo Sudeste até tais cidades vizinhas. A Zona Leste é extremamente populosa e grande geograficamente, tem seus bolsões de prosperidade e seus bairros bastante carentes, Itaquera é um bairro muito grande, com seu comércio, sua estrutura para atender a um público de baixa renda, classe média emergente e uma classe mais favorecida, esta última em menor escala, enfim, nada mais nada menos que um retrato do Brasil.

Em termos de locomoção a situação não é das melhores, apesar de servida por uma estação de metrô pertencente à linha 2 (vermelha) e por trens da CPTM, as opções de ligação viária são poucas e sempre bastante congestionadas. A distância do local do estádio à Praça da Sé, centro da cidade é de 18,7Km, ao passo que do centro ao Estádio do Morumbi são pouco mais de 14Km, pelo melhor percurso. A diferença não é tão mortal assim. Claro que o Palestra Itália e o Pacaembú são muito mais acessíveis, mas isso é outra estória.

Para tentar melhorar um pouco este quadro de acesso e atender às necessidades da população da região, deverá ser construída uma ligação entre duas grandes avenidas da região, obra já prevista antes do advento do estádio.

Em resumo, não é o fim do mundo nem tão pouco Miami, é um bairro paulistano como outro qualquer.

Diz-se nos “comunicados” ou em entrevistas do presidente do S.C.Corinthians Paulista e algumas autoridades públicas, que :

• O estádio será construído pela Construtora Odebrecht, que tem responsabilidade financeira sobre a obra;
• O investimento desta empresa será recuperado pela exploração de naming rights apenas, já li versões que seriam os mesmos naming rights e de camarotes, não sei qual é a correta;
• O S.C.Corinthians Paulista teria que, em 10 anos, completar o montante que não obtivesse em receitas de naming, e/ou de camarotes.
• O BNDES financiaria a obra;
• O estádio ficaria pronto a tempo para 2014.

Fácil, não? Ou estão já com tudo aprovado na prefeitura da Capital, com relatório de impacto ambiental aprovado, business case aprovado pelo BNDES e tudo mais ou é mais uma das bobagens em que a Cidade de São Paulo vem se especializando, projetos que não são reais e o tempo passando.

Antes das perguntas, algumas premissas :

• São Paulo é a única cidade que tem capacidade hoteleira próxima à capacidade mínima exigida pela FIFA para a abertura da Copa; a abertura tem que ser em São Paulo por isso e não pelo súbito amor do governo federal ou da CBF pela cidade, esse amor não existe, é necessidade mesmo.
• Um estádio tem vida útil de aproximados trinta anos, isso está no caderno da FIFA, já que as demandas mudam, a tecnologia muda e por aí vai. Lembrando que o ciclo de vida de um produto atualmente é cinco vezes menor que a cinquenta anos atrás.
• Dinheiro do BNDES não é dinheiro público, é um empréstimo de um banco, público, que pede garantias e um plano de negócios/viabilidade para ser liberado.
• Um estádio precisa de muitos eventos com boa presença de público para gerar caixa de forma a remunerar o investimento, estudos do pessoal do Amsterdam Arena, um dos mais bem sucedidos empreendimentos deste ramo, estimam por volta de cinquenta eventos.
• O prazo de construção gira em torno de três anos, isso com a tecnologia vigente, pré-moldados, etc…
• Não adianta ter estádio moderno se a estrutura de serviços prestados ao torcedor for ruim como é hoje, isso também tem que mudar muito para que se tenha um massa de público suficiente para remunerar o investimento.
• Investidor quer retorno financeiro, não faz caridade, essa conversa de futebol como entretenimento do povo já morreu há tempos.

Perguntas que vem, da observação de alguns fatos :

• Lendo o texto extraído da globoesporte.com : “O Corinthians pagará a empresa com o naming rights (direitos do nome). Traduzindo: o Timão venderá o nome da arena para uma empresa e o que arrecadar com essa cessão repassará à Odebrecht. O que faltar para atingir o total, o clube terá dez anos para devolver à empresa.” Vejamos bem, o clube sairá vendendo naming rights por aí, se não vender, ou vender abaixo do esperado, terá que colocar dinheiro do bolso para completar o que o investidor espera receber? Isso pode ser a maior bomba relógio para as finanças do clube.
• Espera-se que a arena esteja pronta em fevereiro de 2013, começando a obra em janeiro de 2011. É um desafio e tanto, de engenharia, de logística e de autorizações, alvarás, etc. Será que é possível? Caso seja, será um case de engenharia!
• Quem é o pai da criança ? Temos vários candidatos : O presidente da República, o presidente do Corinthians, o Governador de Estado em exercício, o prefeito da Capital, o presidente da CBF dentre outros, todos já demonstraram ser um pouco pais. Afinal, quem não quer sair nessa foto?
• Será que cozinhar o Morumbi foi apenas uma cortina de fumaça para que todas as amarrações políticas e econômicas fossem feitas? O projeto não foi feito na semana passada, com o design que tem, com tanta gente já bancando-o.
• Rolou uma pesquisa com sócio-torcedores do S.C.Corinthians Paulista há uns dois meses. Bem completa e bem feita, por sinal. Nela se procurava traçar perfil demográfico e de hábitos de consumo dos torcedores culimando com um questionário sobre quanto se estaria disposto a pagar por diversos assentos em diversas potenciais arenas, há alguma relação? Caso haja, pode ser um bom sinal, há um plano de negócio por trás.
• Existe massa de eventos na Cidade de São Paulo para remunerar o investimento? Ou o projeto é um monumento ao reinado de alguém? Sugestões : vide os pais da criança.
• Como fica a competição quando a cidade de São Paulo for receber os poucos shows internacionais que recebe? O Morumbi, já com seus investimentos amortizados, pode baixar o preço só pra dificultar economicamente a vida dos rivais? É uma possibilidade, não? Isso foi levado em conta, ao menos o risco?

Perguntas como estas surgirão aos montes, não há muitos detalhes, afinal se trata de uma negociação privada e nem todos os detalhes são abertos à população, mesmo havendo grande interesse e curiosidade sobre o assunto.

Apenas espero que : o projeto seja sério e sustentável com seus próprios recursos, que não seja mais um projeto que vira fumaça como tudo o que se disse aqui em São Paulo, que não tenha dinheiro público mesmo e que vença o projeto que for melhor para a Cidade de São Paulo, para a Copa e para o país. Desconfiado que fiquei após tantas coisas ditas e escritas, ainda não estou certo.

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 22/junho/2010

Copa 2014 em São Paulo – O que eu penso

Este texto reflete única e exclusivamente o pensamento deste autor, como é a tônica deste BLOG, que muitos leitores consultam como fonte de opinião isenta e sem “clubismos”.

Há uma semana a nótícia de que o Morumbi, estádio do São Paulo FC, estaria fora da Copa de 2014 causou reações das mais diversas, além de sonora preocupação em quem resolveu levar a coisa a sério. Mesmo com todo jogo de cena de todas as partes envolvidas, não me surpreende o desfecho. Amigos da imprensa relataram indisfarçável alegria de pessoas ligadas à CBF quando dada a notícia, como administrador, não vejo por quê.

Desde que a cidade de São Paulo foi anunciada como uma das sedes, tanto a Prefeitura como o Governo do Estado e, mais tarde, o Governo Federal, fecharam questão com o Morumbi; a decisão parecia óbvia, um estádio que já existe, mesmo que antigo, como Maracanã, Mineirão,etc.

A antiguidade do estádio trazia desafios, sabidos e esperados. A idéia de arquitetura vigente à época de sua construção certamente não é compatível com as demandas atuais da FIFA, nem era para ser compatível, seria o mais perfeito exercício de futurologia se o fosse. A necessidade de receber público de sessenta mil pessoas somado aos camarotes corporativos e oficiais torna qualquer adequação uma tarefa de engenharia e arquitetura bastante desafiadora, isso para a abertura, que ainda tem demandas adicionais como grande área externa para espaços destinados
aos patrocinadores, sem contar com os problemas de visibilidade já sinalizados pelo SINAENCO há alguns anos e não somente no Morumbi.

Orçamentos diferentes a cada projeto e constantes desmentidos dos valores por parte de todos. Da inconsistência da informação e falta de unicidade de discurso dos diversos stakeholders nasceu um ambiente de negócios pouco convidativo à iniciativa privada, some-se a isso tudo o rigor do BNDES, o projeto sofreu mais um baque.

Desafios à parte, os defensores do Morumbi, fizeram duas apostas erradas, uma seria a flexibilização das demandas da FIFA, o que não ocorreu; o resultado disso foi uma série de adendos e correções ao projeto original, até que a paciência da FIFA se esgotou (será?); a outra aposta foi a de que o Poder Público socorreria a candidatura quando essa começasse a verter água, também não ocorreu e, segundo notas tanto da prefeitura como do estado, nem vai.

Se diz que o Morumbi ainda tem chances, reforma menor, para abrigar jogos de grupo e oitavas, pode ser, mas a questão sobre de onde vem os recursos para a reforma, ainda necessária, permanece não respondida conclusivamente.

Muitos, movidos por inúteis paixões clubísticas, começaram a fomentar a idéia de uma nova arena. Os mais exaltados já associavam ao Corinthians essa iniciativa, tudo bem que é um grande clube âncora, mas não parece ser o caso, por mais conspirações que se possa fazer em relação ao presidente do clube ser chefe da delegação brasileira na África do Sul, dentre outras, não vejo relação alguma.

Há duas saídas, ou três contando ainda o Morumbi. Uma delas é contar com a Arena Palestra Itália, da Sociedade Esportiva Palmeiras, que está em vias de ser reformada; projeto bem interessante em conjunto com a WTorre; tal arena terá capacidade de quarenta e cinco, ou seis, mil lugares; serve para jogos de grupo e oitavas, até quartas, creio. A outra opção é a mais preocupante, a construção de uma nova arena em um terreno na região de Pirituba, região noroeste da capital. A região é servida por uma estação da CPTM apenas; lá será, segundo coisas que li, um pavilhão de exposições para a EXPO 2020, a ser realizada em São Paulo. Quem defende essa idéia diz que o fato de uma rodovia passar perto ajuda, tudo bem, até ajuda, mas alguém já previu o custo das alças de acesso, viadutos, túneis para ligar essa localidade à rodovia? E se a rodovia comporta eventual tráfego concentrado em dois horários para tal? O acesso pode ser fácil para quem vem da região norte da cidade, ou da oeste, mas para o resto da cidade é tão longe e complicado quanto o Morumbi.

Para essa obra já se fala em montante de hum bilhão de reais, a conversa de que a iniciativa privada construiria a arena começa de novo; fala-se em um pool de contruturas, TRAFFIC, etc….conta rápida: para remunerar esse investimento em vinte anos, é necessário tirar cinquenta milhões de receita líquida por ano, tem clubes que não faturam isso. Claro que muitos querem dinheiro público, com amplo espaço para manobras e vícios habituais. Como sair dessa?

A terceira opção é o Morumbi, com reforma menor como dito acima.

O que se viu até agora foi um imenso jogo pras torcidas, uma fogueira de vaidades e interesses que não se traduziu em nenhum sentido prático; de prático apenas é que a cidade de São Paulo está sem estádio para 2014 e agora, até gente que detesta a cidade defende que a cidade “merece” abrigar a abertura da Copa, leia-se CBF e Governo Federal…estranho, não merecia antes?

Concluindo, quem queria a derrama de dinheiro para uma nova arena, ou fazer birra com o São Paulo FC, conseguiu ganhar esse round, só falta conseguir que essa derrama se dê a partir do erário, meu palpite: sai do erário, via Governo Federal e isso é péssimo, teremos em São Paulo mais um estádio abandonado como o Pacaembú, que tem goteiras nas cabines de imprensa e me chateia saber que um cidadão brasileiro do Amapá pague essa conta.

Outra ‘”vítima” da tara de alguns por novas arenas é o Atlético-PR; clube de administração bem centrada, aliás. Condenaram o projeto e até o próprio clube, afogado em exigências FIFA, está por desistir do projeto destinando os recursos para outras atividades. Bom pro Atlético.

Nas demais sedes, onde vai haver construção com dinheiro público, não se discute a viabilidade, exceção conhecida feita à Minas Gerais. O que parece é que apenas se construirão estádios como monumentos aos reinados dos políticos locais, coisa que também pode acontecer por aqui, quem pague a conta que reclame.

É isso que vejo nesse movimento todo, o país caiu na armadilha de se comprometer com a comunidade internacional e de não ter iniciativa privada alguma para bancar a festa, coisa que prevíamos faz tempo, inclusive em outros textos neste espaço.

Esperemos que o bom senso prevaleça e que haja forte fiscalização, minha sugestão, auditoria externa e internacional. A Copa 2014 caminha para ser outro PAN, que ainda não acabou nos campos dos Tribunais de Contas.

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 5/abril/2010

Horários dos Jogos em São Paulo – Interesses e Desdobramentos

A Cidade de São Paulo, por meio de sua câmara de representantes, aprovou uma lei que limita o horário de término de espetáculos esportivos às 23h15min, era 23h00 no original, mas houve uma acomodação de quinze minutos. Após a aprovação, de forma incomum, houve audiência pública e tudo mais onde vários interessados manifestaram suas opiniões e defenderam seus interesses. A audiência teve pontos saudáveis e muitos pontos patéticos.

Alguns pontos não podem passar desapercebidos; a participação do diretor da Globo, Marcelo Campos Pinto, foi tão rasa quanto descarada. Seu prinicipal ponto é de que os jogos realizados às 21h50, 22h00 ou, na prática, depois da novela tem maior média de público; algo como sete mil contra dois mil e oitocentos pagantes. O que ele esconde neste seu ponto é que os jogos pós-novela são sempre de times grandes, ou seja, times de maior torcida que levam, naturalmente, mais gente aos estádios, isso ele omitiu. A pergunta que fica não vai além desta comparação, ela deveria ser : em um horário mais confortável para o público estes sete mil não poderiam ser mais? Não poderíamos ter quinze ou vinte mil pessoas em um Morumbi, Palestra Itália e Pacaembú? Certamente que sim; se vamos para as teorias mais fundamentais do marketing vemos que temos mercado potencial, temos mercado disponível porém o diminuímos com o qualificador horário do jogo. Pesquisa da Golden Goal chamada “É disso que o povo gosta” dá conta que uma grande parcela de torcedores tem no horário de jogo um fator de decisão de compra, e o horário tardio influencia sim. O argumento global é pobre e raso, só cola para quem não sabe fazer conta nem pesquisa de mercado.

Alguns outros discursos, como o do presidente da Federação Paulista, sinalizavam até a possibilidade de punição aos clubes paulistas, ameaças até de eiliminação da Libertadores; segundo especialistas não há base jurídica para tal, não vou me concentrar nessa seara, que domino pouco.

De tudo isso, o resultado até agora, é que a lei foi vetada pelo prefeito da cidade. A alegação é que o município não tem competência (autoridade, no caso; não é falta de conhecimento) para legislar nesta matéria. Saída jurídica simples para não ficar em má situação frente ao maior grupo de mídia do país, que já fez estragos na vida de muita gente que se meteu em seu caminho, gostemos de lembrar disso ou não.

Vereadores que ouvi hoje no rádio, vindo para o trabalho, levantavam a possibilidade de derrubar o veto; vejo isso como possível uma vez que até membros da base governista falaram abertamente nesta possibilidade. Aí a porca vai torcer o rabo pornograficamente.

Minha opinião pessoal é que o principal negócio do futebol é prover entretenimento in loco ao seu público. Este é o core business do futebol, complementado em seu cerne no prover um mecanismo de identificação e de pertencimento ao seu público, inserção social (não confundir com inclusão) pela associação do torcedor com a história dos clubes, seus símbolos, sua tradição, seus ídolos e por aí vai. A pobreza administrativa do futebol gerou um desvio de finalidade econômica que faz com que a aberração da venda de jogadores e as receitas de televisão sejam as predominantes; a televisão, sabedora disso, exerce seu poder de negociação a seu favor, não é um pecado fazer isso, pecado foi deixar isso acontecer sem perceber os riscos disso. Agora estão os clubes de calças na mão e o torcedor relegado à terceiro ou quarto plano. Esta posição minha não é nova, está refletida em vários textos que aqui já escrevi.

Outra posição minha, que também não é exatamente novidade, é minha contrariedade quanto à figura do Estado interventor. Não creio que o Estado deva intervir na economia pois ele, normalmente, é ineficiente, caro e corrupto. No entanto, nunca abri mão do Estado regulamentador, aquele que intervém, por meio de legislação, no sentido de harmonizar as relações econômicas no sentido de preservar o melhor interesse de todos, neste caso o que necessita de proteção é o torcedor. A cidade de São Paulo assim agiu, talvez não da melhor forma, mas é o que lhe cabe. Se o futebol não tem competência administrativa e mercadológica para cuidar de seu público, que alguém o faça.

Naturalmente mudar o horário dos jogos não alterará o quadro completamente; todos os serviços que vão desde a compra do ingresso até o fim do espetáculo precisam melhorar muito. Tais melhoras passam pelos estacionamentos, transporte público, segurança, bilheterias, banheiros, alimentação, acomodação, limpeza, cortesia dos pontos de contato com o torcedor e assim por diante; porém, mudar o horário dos jogos para algo mais civilizado é um começo.

Projetando um cenário que, depois do que ouvi, me parece possível : caso a Câmara derrube o veto e a Lei passe a valer teremos quartas e quintas feiras de futebol sem os times grandes de São Paulo na TV aberta; cidade esta que tem três dos cinco clubes de maior torcida do Brasil; com isso, os anunciantes vão minguar, as cotas de televisão tendem a cair; todos perdem, ganha o torcedor e ganha a cidade. Se desta ruptura nascer uma relação mais harmônica com o futebol, terá valido a pena a ruptura, que será temporária pois todos os modelos econômicos se ajustam, as pessoas também.

É pena que um problema de mercado e de estratégia (ou falta de) precise ser resolvido por meio de lei, mas por vezes essa intervenção é necessária. Vamos ver o que dá.

E o leitor, que pensa disso? Quem ganha essa queda de braço?

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 11/fevereiro/2010

Arena Barueri, o Barueri (Grêmio) – Campeões de Audiência

Esse post não tem grandes significados sem a participação do leitor do BLOG. A participação de nossos leitores é sempre importante, mas neste caso muito específico, é mais ainda.

A razão para tal observação é o fato que venho, com este texto, fazer mais perguntas do que efetivamente propor algo ou trazer alguma idéia, algum resultado de pesquisa, como tenho feito. Vamos ao “problema” e às questões.

Pelos mecanismos de administração do BLOG nota-se um imenso interesse, dado vindo dos mecanismos de busca, sobre o Barueri, a Arena Barueri e seus assuntos correlatos. Mesmo posts mais antigos, o que reforça o caráter atemporal do blog, vem sendo acessados e lidos em grande volume, dentro da realidade do blog.

O que levaria o leitor a procurar tanto esse assunto ? Em primeira análise, tenho algumas suposições :

1) O Barueri mudou de cidade, até se fala em mudar o nome do time para Grêmio Prudente ou Prudentino, as razões para tal não serão discutidas aqui neste texto; mas será que o inusitado em mudar de cidade é que chama a atenção?

2) Com essa mudança, emergem duas questões que vou resumir em uma : como é que fica a Arena Barueri ? Será que depois de tanto investimento ela vai ficar às moscas e o cidadão vai pagar a conta? A segunda questão é : e quem, por alguma razão, se afeiçoou ao clube, fica órfão ou muda o coração para Presidente Prudente?

3) Será que o interesse pela Arena Barueri advém do interesse, até já na prática, de clubes grandes como São Paulo e Corinthians mandarem algum jogos lá?

4) Seria o interesse em conhecer algo mais sobre a Arena, que é nova e moderna e pegar exemplo para sonhar com a aplicação do modelo para seu clube ou cidade?

5) Todas as anteriores?

Confesso que estou dividido entre essas e mais o que vier do leitor; e mais que nunca a participação do leitor é importante. A internet é um mecanismo interativo ao extremo onde se juntam pessoas de mais variados perfis, interesses e, enfim, características; assim sendo, serve como um sólido mecanismo de troca de experiências, idéias e por aí vai.

É por isso que convido o leitor, trazido pelo hábito de frequentar o espaço ou vindo, e bem vindo, de algum mecanismo de busca, a nos contar de seu interesse neste novo campeão de audiência, não só do blog, mas da internet. Participe.

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 9/fevereiro/2010

São Paulo X Santos – O Clássico da Letra – Letra “S” de Sede

O clássico São Paulo e Santos já é natural gerador de notícias, de polêmicas, discussões, jogo de grande rivalidade e história. O último confronto, no último domingo, não foi diferente; o Santos, mostrando mais uma geração de meninos da Vila, talentosos e atrevidos, como é de sua tradição, e o São Paulo, com seu futebol pragmático e eficiente, que tantas conquistas lhe tem rendido nos últimos anos. Pênalti com paradinha, boas chances de gol e, por falar em gol, a genialidade de Robinho, nessa volta ao Santos visando estar em forma e convocável para a Copa na África do Sul.

Tudo dentro de campo favoreceu o bom produto futebol, imponderável, bom jogo, ídolos em campo, mas fora dele velhos problemas insistem em aparecer.

O jogo foi na Arena Barueri, que se não prima pelo tamanho e capacidade, é uma das arenas mais novas e modernas do país.

Porém, circula pela Internet um video, de aproximados quatro minutos onde um amontoado de torcedores santistas, sob o calor infernal da tarde de domingo último, tenta comprar, de um vendedor ambulante, um simples copo de água, isso mesmo, água.

Como já escrevemos a respeito, a preocupação do profissional de marketing deve passar pela melhor configuração de serviços prestados ao torcedor, para isso, as variáveis pessoas, processos e apresentação devem entrar como componentes do marketing mix. Mas parece que o dirigente do futebol pensa que o torcedor gosta de ficar com sede e apertado, o resultado disso são os estádios vazios que só enchem quando há ações de preço; produto que só vende quando o preço é baixo não pode ser considerado um bom produto.

Alguns depoimentos ,à improvisada filmagem, sinalizam que alguns torcedores chegaram a demorar uma hora para comprar um copo de água; ora, não estamos falando de lanches elaborados e sofisticados a se saborear em mesas amplas sob ar condicionado, estamos falando de água. Em outros momentos da filmagem, viam-se corredores lotados de torcedores, sabemos o quão inseguro isso pode ser.

Do fato vem um recado, de nada adianta construir arenas modernas e de acordo com os padrões da FIFA, se os serviços ao torcedor continuam sendo providos por estruturas amadoras, informais e precárias.

Todos parecem desejar os financiamentos do BNDES, das prefeituras para construir monumentos aos reinados de políticos e dirigentes, mas de nada adianta construir essas pirâmides egípcias sem investir em estruturas de processos e serviços para melhorar a vida do torcedor.

Sem o bom atendimento, ou pelo menos o mínimo, prestado ao torcedor desde a compra do ingresso até o esvaziamento da arena no pós jogo, será bem complicado remunerar os investimentos nas novas arenas.

Com a palavra os donos da arena, o mandante do jogo e o Ministério Público.

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 6/janeiro/2010

Resposta à Violência -Se a moda pega…..

Na 13.a rodada do Campeonato Espanhol o Sporting Gijón recebeu o Sevilla em Gijón, cidade importante da região de Asturias, é de lá que vem minha família, hoje espalhada pelos quatro cantos do mundo. Tenho uma ligação muito forte com a região, familiares são sócios-torcedores do Sporting, que é um dos times mais tradicionais da Espanha embora a olhos externos, seja até um time pequeno.

Antes da partida, houve uma batalha campal entre os ULTRA BOYS, facção organizada que se diz “torcedora” do Sporting e suas contrapartes “sevillistas”; o bairro de La Arena se transformou em uma praça de guerra e o resultado da brincadeira foi uma dúzia de feridos, um forte intervenção da Polícia Nacional, prisão e identificação de sessenta e sete torcedores dos dois times.

Como contraponto, quando o Sporting de Gijón visitou La Coruña, pela mesma Liga, um grupo de seis mil torcedores do Sporting foi até a cidade galega onde se organizou um evento de confraternização entre as torcidas com um festival cultural e gastronômico, igual evento se planeja para o jogo da volta. Nada de dizer que é coisa de primeiro mundo nem nada, gente civilizada se confraterniza por meio do esporte em qualquer lugar do mundo, é só querer, desarmar o espírito e curtir.

O jogo onde houve o conflito foi na rodada de 12/13 de Dezembro, pois bem…pouco mais de vinte dias depois, a Comissão Anti-violência da LFP, propôs multar cada um dos sessenta e sete torcedores identificados em sessenta mil euros cada um, totalizando mais de quatro milhões de Euros; multa individual, pessoa física mesmo; as reações na Espanha são de apoio às medidas e contra os Ultras, de ambas as partes. Não conheço o sistema judicial espanhol, apesar de também ser cidadão de lá, mas de certo há como aplicar a sanção; vai doer no bolso um bocado, não é porque a Espanha fica na Europa e tem indicadores sociais de primeiro mundo que qualquer um tem sessenta mil Euros para gastar em uma multa, são quase cento e cinquenta mil reais, pode crer que tem gente que vai precisar renovar a hipoteca da casa onde mora.

Se a moda pega….não precisaríamos nem de CPMF nem de TIMEMANIA aqui no Brasil, e o leitor, que pensa da medida ? Justa ? Excessiva? Resolve?

Eu pessoalmente gostei, afinal quando eu, embora raramente, tomo multa de trânsito, não tenho como recorrer botando a culpa no radar, nem na sociedade, sistema, alinhamento dos planetas…

Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 4/janeiro/2010

2010 – Realidade Econômica e Patrocínios

Caros amigos, desejo a todos vocês e familiares um grande 2010. Que o ano que já começou traga espaço e oportunidade para as realizações desejadas e para as quais nos preparamos diariamente além de muita saúde e paz.

Como não se tem grandes assuntos no Brasil, os olhos da imprensa esportiva se voltam para os campeonatos europeus, para a Copa São Paulo, descaracterizada pelo excessivo número de clubes e “clubes”, e para a dança das cadeiras de patrocínios

O ano de 2010 começa bem diferente de 2009, há exato um ano, estávamos às voltas discutindo os impactos que a crise econômica gerada pelo enxugamento de liquidez brutal que assolou o mundo, inclusive o Brasil, que deve fechar com ano com crescimento zero, apesar do propagandismo governamental alardear que somos a nova potência mundial, estorinha barata que as chuvas levam, infelizmente junto com muitas vidas. Mesmo assim, melhor que o quadro recessivo de muitos países por aí.

Paradoxalmente, os grandes defeitos do país serviram como remédio para o país enfrentar o mau momento da economia. A grande presença do Estado na economia, a escassez natural de crédito no Brasil somada a seu custo e a pouca participação do comércio internacional no PIB serviram para que, aliada à forte regulamentação do Banco Central que impede a insana alavancagem que os bancos americanos tinham, passassemos pela crise com menor impacto, apesar do sofrimento dos setores exportadores; no entanto, remédio é para ser usado por pouco tempo, não podemos endeusar nem eternizar tais defeitos, pois eles seguram o crescimento quando em águas mais calmas.

No entanto, apesar de nossa infra-estrutura precária e de alguns defeitos estruturais na educação, na distribuição de renda e nos impostos o Brasil começa um ano promissor; há poucos estoques e, advindo da confiança do consumidor, uma predisposição a comprar; isso quer dizer fábricas a todo vapor e investimentos. Mesmo sendo um ano de eleição, tudo indica, pelos especialistas, que o Brasil crescerá possíveis 5%, isso é bom.

Naturalmente no esporte esses impactos, tanto negativos como positivos, aparecem. Enquanto no ano passado viamos clubes iniciando as competições sem patrocínio e alguns sortudos renovando seus contratos pelos mesmos valores, sendo este o viés predominante em 2009 em seu começo, 2010 começa com especulações de valores bastante melhores.

Certamente, por hora, minhas fontes são notícias, nada oficial; por isso chamarei tudo de especulação.

Em 2009, escrevi sobre a especulação fantasiosa da Emirates; especulação que assim se provou com o tempo já que ela não resistia a uma conta simples, tomei até algumas bordoadas por isso.

O Corinthians fechou um contrato bom com a Batavo, próximo dos demais grandes clubes, se descontadas as intermediações e remuneração de todos que trabalharam para tal fechamento. O São Paulo FC manteve a já boa parceria com a LG, o Flamengo rompeu com a BR Distribuidora e com a Nike, soltando-se das amarras que limitavam seu imenso potencial e assim por diante; ficou tudo mais ou menos igual em valores, o que pra 2009 foi uma notícia boa.

Em 2010, temos especulação do Corinthians anunciar um contrato com a HyperMarcas; empresa que detém um número grande de marcas nas áreas de farma, higiene pessoal, limpeza e alimentos. Fala-se de valores entre 25 e 38 milhões de reais/ano, a mesma faixa se falava no Flamengo, deste, porém, fala-se de acordo com a Batavo.

A Hypermarcas fez algum ensaio no ano passado com o Corinthians com até bons resultados, inclusive usando Ronaldo como endosso para uma de suas linhas de produto de higiene pessoal/beleza. Trata-se de uma empresa sólida, de bons e publicados resultados, que vem crescendo bastante, os valores alardeados de patrocínio cabem em sua estrutura de receitas/custos e despesas de marketing; o mesmo pode se dizer da Perdigão, dona da Batavo. Ventila-se, também, que o São Paulo FC e a LG negociam novas bases desta que é uma das mais bem sucedidas e interessantes parcerias de patrocínio esportivo no Brasil, inclusive com resultados de negócio para a LG.

O que podemos observar, embora ainda precisando de análise mais cuidadosa para concluir, é que as empresas tendem a destinar uma parcela maior de seus investimentos em comunicação no esporte, por meio de patrocínios ou de utilizar a linguagem e símbolos do esporte em seu mix de comunicação.

É esta a grande oportunidade a se explorar, esse volume adicional de recursos pode ainda crescer se os clubes de futebol passarem a procurar entender o negócio dos patrocinadores e explorarem ainda mais suas propriedades de marketing e configurá-las de acordo com as necessidades do comprador; além disso, a ativação de patrocínio deve passar a fazer parte do alcance destas negociações, isso vale para futebol, corridas de rua, automobilismo, etc…. patrocinador que expõe sua marca gerando conveniência e conforto fica bem mais na memória do consumidor que aquele que só se expõe em placas.

Feliz 2010, que começa promissor, desde que nos libertemos de alguns vícios mais antigos até que o ano velho.

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