Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 16/fevereiro/2009

Corinthians x São Paulo – Lições duras de como não fazer

Pouco tem se falado do jogo, que não foi um primor no aspecto técnico mas valeu pelo espírito de luta dos jogadores; muito tem se falado das confusões no seu entorno. Infelizmente o produto futebol, como opção de lazer, entretenimento e do preencher da sensação de pertencimento, sofreu mais um ataque à sua atratividade, à sua crediblidade e por consequência sua sustentabilidade financeira; como conseguir ou aumentar patrocínios tendo como pano de fundo gente com fraturas expostas?

Este post tem por finalidade analisar a questão sob aspecto puramente mercadológico, no viés do esforço da organização do evento em prover algum conforto e conveniência ao torcedor. Quem quiser discutir a conduta das torcidas organizadas ou da polícia não encontrará eco aqui, não sou membro de ONG, nem sociólogo de esquerda nem nada disso, sou administrador.

Primeira questão, a venda de ingressos : sou um crítico ferrenho sobre como são manuseados e vendidos ingressos para eventos esportivos no Brasil; o São Paulo FC e o Corinthians são especialmente incompetentes neste aspecto, isso porque um é o rei do marketing e o outro, diz-se, que tem evoluído muito no marketing….marketing sem pensar no conforto e na conveniência do torcedor não é marketing, é discurso regado a camisetinhas bonitinhas, bichos de pelúcia e molho de tomate temático. A questão é sempre a mesma, poucos pontos de venda funcionando em horário comercial, gente se acotovelando, longas filas….incompetência e desrespeito puros levados às últimas consequências, até há alguns avanços como a venda pela WEB, que é bastante conveniente, eu mesmo já usei, mas por que não usar o mesmo sistema da venda eletrônica? Por que não associar o ingresso ao CPF do comprador e imprimi-lo na hora ? Custa bem menos que parece, pode acreditar.

Para piorar ainda mais o descaso, a imprensa noticiou que os ingressos destinados ao visitante foram entregues com atraso a este para que fossem postos à venda para sua torcida; o PROCON notificou o Corinthians conforme noticiou a Gazeta Esportiva em 13-02 às 21h08.

O Corinthians, lamentavelmente, destinou os ingressos mais baratos para suas torcidas organizadas, sustentando o vício sórdido das relações dos clubes em geral com grupos que pirateiam suas marcas, patrocinam a violência e afastam o real torcedor, que só quer se divertir, dos estádios brasileiros.

Segunda questão : espero relato de algum leitor sobre como eram as acomodações em um setor limitado por estruturas feitas para conter rinocerontes, tinha banheiro ? Estavam limpos, tinha como alguém comprar um refrigerante, um lanche ou algo do tipo ? Ou parecia, como sempre, sala de espera do SUS? A pergunta vale para tricolores também, afinal, o Morumbi tem a pretensão de hospedar jogos da Copa de 2014.

Terceira questão : como foi planejada a ação de escoamento do público todo ? Foi planejada ? Quem sai primeiro ? Em qualquer lugar do mundo, onde se pensam as coisas sem a ma fé habitual daqui, o grupo menos numeroso sai primeiro, sejam 5% ou 10%; não sei como foi, mas quase quarenta feridos dá a idéia de que algo deu bem errado.

Essas são preocupações de marketing? Não parece, mas são sim. As questões e os ocorridos citados acima representam fatores que erodem o produto futebol, são questões que dimiuem a predisposição do público em acompanhar o futebol in loco, evitando que o torcedor tenha contato mais profundo com seu clube e, por consequência, gerando renda para ele. A estrutura de processos, pessoas e as instalações devem criar o mínimo de dificuldades ao consumidor, o que acontece é o contrário, só dificuldades.

Acompanhar um jogo de futebol tem que ser tratado como um produto a ser administrado com competência e seriedade ao invés de se transformar em uma questão de segurança pública, como foi o caso deste horrível contra exemplo do que pregamos aqui e em minhas aulas, palestras, posts e interações.

Em falando de aulas, nota zero para o São Paulo FC, para o Corinthians, para as torcidas organizadas, para a FPF e as precárias, estádio incluso, estruturas de prestação de serviço para uma figura, importante, o torcedor, o consumidor, aquele que paga.

O resultado: trinta e poucas mil pessoas no estádio; do lado do Corinthians, mais de mil e quinhentos ingressos devolvidos.

Espero que iniciativas como setor VISA, o que vem lá do Sul e até experiências do exterior sirvam de exemplo.

E você caro leitor, que sempre tira nota alta aqui no F&N, que pensa da estrutura atual de serviços prestada ao torcedor no geral ? O que fazer para melhorar?

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Respostas

  1. Olá Robert…!!!

    Há profissionalização, o clube eminentemente transformado em empresa de mercado, com profissionais com a devida experiência em cada um dos seus departamentos em que vá atuar. Por exemplo, o Depto. De Marketing, ter um profissional com formação na área. O de finanças um economista, um profissional de mercado financeiro, e assim sucessivamente.
    Acredito que seja um inicio, e para completar, uma total reformulação nas leis que agreguem o comportamento do torcedor nos estádios e nas imediações. Para os baderneiros, punições severas e o fim das organizadas que é um câncer, em minha opinião, do futebol.

    Carlos, são essas, basicamente, as transformações que defendemos em nossas atividades e aqui no BLOG. Acreditamos, como você que devamos ter profissionais desde o marketing, no nível de diretoria com a devida autonomia, até os profissionais ligados às operações de um jogo, de uma loja e assim por diante.

    Concordo que as torcidas organizadas, que já tiveram seu papel importante em outro contexto, devam ser limitadas a organizações que não possam obter ganhos econômicos com as marcas dos clubes, isso é pirataria; acredito que este seja o viés para reduzir seu impacto no negócio futebol, já que elas se transformaram em centros de poder.

    Abraços e obrigado pelo comentário.

    Robert

    Um Abraço!!!

  2. Alem da mudança nos estadios, o que tem que fazer tb é a mudança na mentalidade dos torcedores, acredito eu que a torcida do corintias foi pro estadio ja com o intuito de causas confusao. o estadio do morumbi nao tem o nivel ideal de segurança talvez tenha um pessimo nivel se segurança, mais pra um torcedor que vai para o estadio ja querendo causar vandalismo, nao tem estadio no mundo que tenha segurança pra conter esses tipos de baderneiros.

    JK, obrigado pelo comentário. Não estava lá para fazer julgamentos de quem causou a confusão, mas como havia torcidas organizadas, a chance de terem sido elas é imensa.

    O estádio do Morumbi é antiquado e, no máximo, vão conseguir fazer alguns remendos para a Copa de 2014. A questão não é só segurança, mas também de conforto e conveniência. Quanto ao comportamento dos torcedores, acredito que um trabalho de inteligência das polícias e de organização nas entradas e saídas do estádio e seu entorno já ajudariam muito, o que vimos ontém foi um péssimo planejamento com um desfecho lamentável.

    Quanto aos torcedores vândalos, eles são o reflexo da sociedade, que jogou a educação no lixo faz tempo; para quem não souber se comportar deve-se aplicar as leis, afinal, eles trazem prejuízos de imagem para o futebol.

    Abraços,

    Robert

  3. Bom o S.P.F.C esta tentando melhor e já melhorou um pouco o processo é lento e um pouco dificil, mas eu acredito vai ficar muito bom.
    Acho que o maior problema do futebol é limitar os jogos para uma torcida, não tem jeito e precisa tbm mudar a legislação tem que ser extremamente rigorosa com os meliantes.
    Tenho certeza que se tiver vontade politica para fazer essas duas coisas em um futuro muito próximo vamos ter estadios mais cheios e sem brigas e com conforto com a modernização dos estadios.

    Rodrigo, obrigado pelo comentário.

    Esperemos que as ações a se implementar melhorem realmente a vida do torcedor, afinal isso é necessário para atrair mais público, discordo da tese de jogos de uma torcida só, é uma saída simplista que parece varrer a sujeira para baixo do tapete dada a incompetência, ou medo, ou rabo preso dos dirigentes dos clubes em influenciar os atos de suas torcidas organizadas.

    Concordo que para quem não se comporte devam ser aplicadas sanções pesadas, mas não é da cultura do nosso país de indultos….sanção quem sofre é o futebol, que vive perdendo público a cada ano.

    Acredito que essa vontade política surgirá quando houver, ou uma grande tragédia (espero que não) ou quando começar a doer no bolso dos clubes.

    Abraços,

    Robert

  4. Já dei minha opinião em posts anteriores. O Estádio do Morumbi é totalmente ultrapassado para jogos de futebol com casa cheia.

    Aliás para qualquer evento de porte.

    Não tem áreas internas e externas de circulação e escape. Ele foi projetado para outra época.

    Duvido que se o Villanova Artigas fosse solicitado hoje a projetá-lo, que aceitaria fazê-lo do mesmo jeito.

    Afonso, obrigado pela participação. Concordo com você, e o que ocorreu ontém mostra isso aliado à falta de planejamento da organização do evento.

    Certamente um projeto atual de arena seria totalmente diferente do que na época em que o Morumbi e boa parte das demais arenas foram concebidas; teríamos uma arena de melhor circulação, mais vertical e com espaço para serviços de conveniência que vão além dos improvisos atuais…há ferramentas CAD que usam conceitos de mecânica dos fluídos para calcular o melhor desenho para a saída do público, muito interessante.

    Em tempo, o Coliseu romano, com capacidade de 55.000 pessoas, era esvaziado em sete minutos e inspirou o projeto do Novo Wembley além de algumas arenas norte americanas recentes, pois é, os romanos, no começo da era cristã, pareciam ter mais preocupação com o conforto do público que os dirigentes atuais do futebol brasileiro mesmo que por razões questionáveis.

    Abraços,

    Robert

  5. Concordo com o Rodrigo.
    Em partes também sou contra jogo de uma única torcida (em clássicos), mas vejo esta como a solução necessária na atual situação do futebol brasileiro.
    Afinal, num jogo como o de ontem, 90% dos corinthianos presentes eram de torcida uniformaziada. Na maioria vandalos que estão lá muito mais para arrumar confusão do que para ver o jogo.
    Concordo que houve um erro ao deixar os trocedores do corinthians até o final do jogo. Como em todo jogo qnd a torcida visitante é em menor número, estes devem sair faltando 5 ou 10 min para acabar o jogo. A PM responsavel por isso, falhou.

    Roberto, acredito que existam soluções mais inteligentes que jogo de uma só torcida, fazer isso é assumir que não há solução e que somos reféns destes bandos organizados, talvez possa se fazer isso como medida educativa por um determinado tempo, mas nada impede que eles se planejem para encontrar torcedores em estação de trem, de metrô ou terminais de ônibus por aí pela cidade.

    Concordo que foi um gesto injustificável do Corinthians distribuir seus ingressos para suas torcidas organizadas, focos de violência e, insisto, de pirataria. Acredito que se houvessem seis mil corinthianos cidadãos comuns, sem pertencer a esses grupos, meia dúzia de policiais e orientadores seriam suficientes, assim como são paulinos, palmeirenses dentre outros..

    Não sei se a saída antecipada é a melhor saída, acredito que a postergada do mandante é melhor, afinal, o mandante está em casa e em teoria poderia ficar mais aproveitando, se houvesse, da loja, das lanchonetes, etc….

    Obrigado pela participação.

    Abraços,

    Robert

  6. Robert, pelo que li, fizeram justamente o contrário, seguraram a torcida do corinthians para liberarem os são paulinos primeiro.

    E realmente o aumento nas médias de público passa por uma melhor segurança nas arenas.

    Quanto a questão de uma arena moderna, eu tiro por exemplo o maracanã x engenhão

    Os corredores do engenhão tem, no mínimo, o dobro da largura dos corredores do maracanã. Nos dias de jogos o principal incomodo eh a procissão de saída do maracanã, mas em caso de um incêndio, ou algo que gere uma correria, poderá haver uma tragédia.

    Já no engenhão em jogos lotados há espaço de sobra pra vc correr até.

    Sem contar questões de inclinação, lanchonetes, banheiros…

    Gustavo, grato pelo comentário…pois é, não estive lá mas acredito que a inexperiência neste tipo de situação levou a erros injustificáveis tanto na organização como no policiamento, o resultado é um monte de gente de perna quebrada que vai pensar muito em voltar a um estádio; legal, chutamos um monte de potenciais consumidores pro alto com todo este noticiário, parabéns aos organizadores do futebol.

    Mas o problema não é só no estádio não….também é injustificável os ingressos terem sido destinados às torcidas organizadas, insisto, erro grosseiro da diretoria do Corinthians.

    O Engenhão pode não ser o ápice da arquitetura de arenas, mas já agrega conceitos e demandas mais atuais, assim como o Estádio do Atlético-PR, que visitei ao final de 2007.

    Abraços e continue participando.

    Robert

  7. Legal, tem um resumão disso logo alí! Acho que nem vou ler tudo hahah ;D

    http://blogs.lancenet.com.br/maurobeting/2009/02/16/precisava/

    Obrigado pelo link….juro que Mauro Beting e eu não combinamos o teor dos textos.

    Abraços,

    Robert

  8. Oi Robert, parabéns pelo post. Concordo com o que diz o Carlos Rocco e também com o seu zero para São Paulo e Corinthians. Pelo que pude ler a respeito _não estava no jogo_, foi uma total catástrofe.
    Um dos problemas é que no Brasil algumas coisas viram verdades (e isso não é só no Brasil, a Alemanha que o diga) depois de serem repetidas, repetidas e repetidas infinitamente. O São Paulo está longe de ser o rei do marketing, apenas engatinha no setor. Em terra de cegos, quem tem um olho (mesmo que míope) vira rei. E a relação do Corinthians (e de outros clubes também) com suas organizadas é lastimável, afasta o verdadeiro torcedor dos estádios.
    Não sou contra a extinção das uniformizadas, algo que já foi tentado e considero uma arbitrariedade, mas que a relação do clube com elas tem que mudar, sem dúvida nenhuma que tem. Abraços e parabéns pelo post, extremamente pertinente nesta segunda, João Carlos

    Caro João Carlos, a convivência com bons jornalistas aprimoram , no mínimo, nosso senso de timing e relevância dos temas abordados. Pois é, falar em marketing com o nível de serviços prestados no futebol é o mesmo que dizer o sistema de saúde pública do Brasil funciona, um telhado feito de uma mistura de vidro e discursos pobres, o resultado é frágil.

    Quanto às torcidas organizadas, não concordo muito, acredito que estas organizações fazem uso das marcas dos clubes para obtenção de ganhos econômicos e o fazem por meio da extorsão ou venda de poder político, nada de saudável nisto; acredito que os clubes deveriam se unir e cobrar delas os direitos de uso de marcas e patrocinar sua asfixia econômica, torcedor se afilia ao clube, não a esses grupos.

    Há outras formas mais positivas de associação como, por exemplo bem pontual, a turma do hip hop do Nelson Triunfo, baita líder comunitário, há diversas outras formas construtivas.

    Valeu Janca e abraços,

    Robert

  9. Robert, parabens pelo post. Concordo inteiramente com vc. Infelizmente nas áreas de gestão e marketing (incluindo o marketing de arenas) ainda estamos anos luz do desejado. Somos muito amadores apesar de alguns clubes “se acharem”, o que deixa o rei nu nesses momentos tristes. Só faço um reparo aos seus comentários. Na verdade, em se tratando de segurança de arenas, a prioridade na evacuação das mesmas, é do contingente maior, e não do menor. O contingente maior precisa ser evacuado o mais rápido possível, enquanto o menor grupo permanece, sob proteção dentro da arena, aguardando um tempo seguro para então ser escoltado para fora do estádio. Novamente parabens pelo post e um abraço.

    Ricardo, obrigado pelo comentário. Estamos bem atrasados e a organização dos jogos ficam a cargo da administração das picuinhas dos dirigentes e das torcidas organizadas, quem sofre é o torcedor e o futebol, que perde receitas.

    Quanto à evacuação, há os dois cenários, depende do entorno, da quantidade de torcedores, das características do sistema de transporte, etc..o que tem que haver é organização e os visitantes não serem bombardeados, como dizem que foram, sei lá…cada um conta uma estória agora.

    Abraços,

    Robert

  10. Nota Oficial – Incidentes após o clássico

    Por Sport Club Corinthians Paulista

    16/02/09 – 11h39

    A Diretoria do Corinthians lamenta os incidentes ocorridos ao término do jogo de domingo último, no Morumbi. Apesar do comportamento exemplar da nossa torcida e do empenho da Polícia Militar, bombas caseiras lançadas do estacionamento privativo dos sócios do São Paulo detonaram um processo de pânico, agravado pelo clima de animosidade, criado pela decisão equivocada do adversário de limitar nosso acesso ao Morumbi.

    Pior: a obra ora em execução na área de vazão da torcida visitante produz um afunilamento de torcedores na saída que desafia o bom senso e a prioridade que deveria ser atribuída à segurança dos clientes daquele estádio.

    Confiantes de que o Ministério Público saberá impor condições civilizadas de acesso e saída no Morumbi, o Corinthians se solidariza com seus torcedores vitimados, verdadeiros mártires da arrogância e incompetência de adversários que nos tratam como inimigos.

    Thiago, obrigado pela transcrição informativa da nota oficial do S.C. Corinthians Paulista…..agora, e daí ? Daqui a pouco sai uma nota do São Paulo, uma da Federação, uma da torcida organizada, uma da Polícia….e rigorosamente nada muda…daqui a pouco os dois clubes se enfrentam no Campeonato Brasileiro e a guerra vai começar toda de novo; como você deve ter notado, a nota do Corinthians é absolutamente inócua, como serão as demais….esse quadro precisa mudar, estamos atrasados, tudo isso está prejudicando muito o futebol, não é ?

    Abraços,

    Robert

  11. Olá Robert,

    Sou leitor assíduo do F&N mas nunca me pronunciei por essas bandas…
    Bastante pontual a sua postagem, é certo que é a hora de mudarmos a mentalidade na condução desses eventos que agregam muitas pessoas. Quem me dera que o problema fosse só esse… Apesar de você não ser de ONG nem sociólogo de esquerda, sabe muito bem que esse tipo situação está enraizada por todos os lados da nossa sociedade, por que conduzimos esse país com muitas doses de amadorismo.
    Penso que a solução desses e outros problemas passa pela profissionalização dos setores envolvidos.
    Quando puder, dê uma passada por Alagoas e veja como nosso futebol é “administrado”, aqui, medidas louváveis como troca de nota fiscal por ingresso são fraudadas as pás.
    Mas creio que um dia possamos mudar isso, a luta não para!

    Grande Abraço

    Daniel Tavares

    Daniel, obrigado pelo comentário, que é importante também além da assiduidade. Sem dúvida, o quando de uma abordagem profissional evita aqueles comentários e ressalvas cheias de justificativas para o comportamento inadequado, etc. e tal.

    O futebol precisa ser administrado, como qualquer negócio e a coisa pública, com seriedade sem demagogia; acredito na transformação sim e aqui plantamos nossa sementinha e a regamos diariamente.

    Por mim, eu passava um tempinho aí no seu belo Estado a partir de hoje já, aliás já estive por aí em férias há alguns anos. É lamentável que uma promoção para fomentar o futebol e a arrecadação do Estado sempre sofra com os “espertinhos”…quem sabe um dia eles aprendem que roubam deles mesmos assim como os caras em quem eles votam fazem, vamos caminhando, já foi pior do que é hoje e, pode crer, isso é nacional.

    Abraços,

    Robert

  12. Parece haver em vários órgãos de imprensa a tentativa de se diluir a culpa pelo desastre prenunciado e ocorrido no Morumbi nesse domingo, através da enumeração de todos os responsáveis pelo ocorrido, sem a devida ponderação; quando não, pela completa inversão das parcelas de responsabilidade.

    Apesar da cortina de fumaça fabricada, pode-se considerar a existência de unanimidade quanto a:
    – a imperícia demonstrada na ação policial, após o término da partida;
    – a omissão da FPF.

    Resta delimitar o papel desempenhado pelos dois protagonistas, de fato, do episódio, que foram o São Paulo e o Corinthians. Vamos listar, destarte, as ações praticadas pelos clubes (bem como por suas torcidas):

    SÃO PAULO (o mandante da partida – dado que não está sendo suficientemente considerado):

    – anunciou, a poucos dias da realização do clássico, que, pela primeira vez na história, concederia apenas 10% dos ingressos para a venda da torcida corinthiana;
    – o anúncio foi feito em tom debochado pelo presidente Juvenal Juvêncio, com o apoio dos sorrisos e gargalhadas de membros da diretoria;
    – enviou os ingressos para venda no Parque São Jorge impressos em um rolo de bobina, sem o devido corte, e sem a devida numeração (o que obrigou que se realizasse uma troca, com o conseqüente atraso na efetiva disponibilização para venda, acarretando desrespeito ao limite mínimo de 72 horas, estabelecido pela legislação, em relação ao início da partida);
    – divulgou nota de resposta à nota de repúdio corinthiana, utilizando a mesma retórica inflamada daquela;
    – realizou obras no intento de equacionar o problema da entrada dos torcidas dos dois clubes pela única entrada disponível (a solução arquitetada, como se viu no desastroso desfecho, foi claramente equivocada);
    – segundo a PM, uma bomba caseira – que teria sido o estopim do tumulto verificado – foi lançada do estacionamento interno do estádio (local de acesso exclusivo dos associados);
    – não disponibilizou assistência médica aos torcedores feridos quando tentavam sair do estádio;
    – o dirigente Marco Aurélio Cunha afirmou, ainda no estádio do Morumbi, quando havia dezenas de feridos no estádio, que o tumulto ocorrido comprovava o acerto da decisão sãopaulina de limitar os ingressos para os visitantes, e que lutaria para que a menos ingressos ainda (5%) fossem disponibilizados nos futuros clássicos;
    – divulgou fotos, em seu site, das depredações praticadas pelos corinthianos no Morumbi.

    CORINTHIANS:

    – divulgou, em seu site, nota oficial de protesto pela decisão intempestiva do São Paulo de conceder apenas 10%, à torcida corinthiana, dos ingressos à venda; sublinhou que rompia-se, desse modo, um acordo tácito de décadas; atribuiu a decisão sãopaulina à suposta inveja, devida à grandeza da torcida corinthiana;
    – anuncia que o clube adotará o mesmo critério de conceder apenas 10% dos ingressos ao clube visitante, bem como a intenção de passar a mandar os seus clássicos no Pacaembu;
    – da carga de ingressos recebida, endereça aqueles de preço mais baixo (R$40,00), em sua totalidade, para as torcidas organizadas; os restantes (cerca de 35% da carga recebida, e ao preço de R$90,00) é que são, efetivamente, colocados à venda – em prazo inferior ao mínimo estabelecido pela legislação, devido às dificuldades advindas da troca que se fez necessária (cf. já exposto);
    – após a vitória em eleição realizada no sábado, o presidente eleito Andrés Sanchez anuncia que, até o final de seu mandato (de 3 anos) o Corinthians não mais mandará partidas no Morumbi;
    – no Morumbi, a torcida corinthiana quebrou cadeiras, uma separação de vidro blindado, e, durante o tumulto final, arremessou uma grade metal (não fixa) no estacionamento do estádio;
    – o Corinthians divulga nota na qual se solidariza com os torcedores feridos, e critica o comportamento do São Paulo e a falta de segurança do Morumbi.

    CONCLUSÃO:

    O São Paulo, mandante da partida, anunciou, de modo intempestivo e inábil, o rompimento de uma prática de décadas, concedendo uma carga diminuta de ingressos para o Corinthians, dono da maior torcida da cidade de São Paulo. O Corinthians, pego de surpresa, como toda a sociedade, e vivendo uma semana pré-eleitoral, manifestou forte repúdio à decisão sãopaulina. Desencadeou-de, desse modo, uma espiral de acirramento de ânimos, que culminou no desastre após o término do clássico, para o qual foram determinantes a imperícia da PM e a insegurança do Morumbi.

    O São Paulo foi o grande culpado pelo desastre ocorrido no último domingo, pois,
    – era o mandante da partida;
    – foi autor do ato que motivou a controvérsia;
    – não exerceu de modo adequado a organização do evento, pecando ao criar clima de animosidade, ao não disponibilizar ingressos em condições de venda com a antecedência devida, ao não oferecer condições de segurança aos torcedores que acorreram ao seu estádio, e ao não prestar a devida assistência médica aos feridos no Morumbi.

    Ricardo, obrigado pelo comentário e pelo excelente resumo, apenas acrescentaria a precipitação do Ministério Público em opinar que o percentual deva ser de 5%, assim como o Marco Aurélio.

    Como no texto, vê-se que há erros de absolutamente todo mundo na questão e agora a troca de acusações que leva a nada e resolve nada, infelizmente teremos mais episódios destes de as partes, ao invés de trocarem acusações, façam efetivamente algo.

    Abraços,

    Robert

  13. Robert

    Concordo com o que você escreveu porem você não acha que a mídia que tanto critica a violência também deveria ter mais consciência do seu papel, pois não haveria como se criar um clima de guerra como este que antecedeu o clássico de domingo passado no Morumbi sem o “apoio” de grande parte da imprensa “colocando fogo” como meio de aumentar a audiência nos programas esportivos. E quanto ao Marco Aurélio Cunha com suas entrevistas cheias de ironias e até provocações contra os adversários não me parece ser o tipo de profissional ideal para estar na linha de frente de um clube que pretende ter uma proposta de marqueting moderna, já foi o tempo de dirigentes folclóricos como Vicente Mateus, Eurico Miranda, etc.

    Um abraço
    Roberto Carlos

    Roberto, obrigado pelo comentário. Concordo com sua opinião, mas gostaria de evitar a generalização, há setores da imprensa que curtem essa polemização irresponsável, mas há setores que vinham alertando os potenciais problemas que, por fim, apareceram.

    Quanto à postura provocativa e sarcástica de dirigentes, não há o que questionar em sua observação; a seriedade e responsabilidade dão lugar ao “jogar pra torcida”; curiosa é a tolerância das autoridades para com essas provocações brancas, tão repudiáveis quanto às explícitas.

    Abraços,

    Robert

  14. Não poderia deixar essa passar! No way!

    Eu fui ao Estádio, com medo, mas fui! Fui porque tinha CERTEZA ABSOLUTA que o rei do marketing não deixaria passar a oportunidade de ser elogiado por Corinthianos! Quer estratégia melhor que oferecer um tratamento exemplar aos rivais visitantes e ser elogiado pelo clube adversário?????

    LEDO ENGANO!

    Logo que cheguei já pude notar que a diretoria são paulina construiu às pressas (leia-se, durante a semana) um muro que dividia a rampa de acesso às arquibancadas e setor Visa.

    O tal do muro dividiu um corredor, que já é pequeno para a saída da torcida em dia de estádio cheio, em dois.

    A arquibancada onde a torcida organizada ficou tinha uma única porta de acesso (para o mini-corredor). E era limitada por um vidro dito BLINADADO.

    A tragédia era mais do que óbvia. Qualquer mínima confusão que acontecesse ali, na arquibancada lotada, acabaria em desastre. Não havia para onde fugir.

    Quando eu bem pensei que tudo daria certo, conforme eu previra, a confusão! A polícia soltou tres bombas em um mini corredor cheio de 4 mil Corinthianos, que só tinham a opção de retornar à arquibancada, lotada, limitada por vidros blindados. ABSURDO!

    Agora, fatalidade é fatalidade!

    Mas eu ligo a TV e vejo os dirigentes Sao Paulinos lamentando os danos ao patrimonio! Eram mais de 40 feridos! Mulheres, crianças, pais de familia!!!!

    Mas essa é a estratégia brilhante de marketing… diminuir os rivais e NUNCA, NUNQUINHA, admitir um erro sequer.

    Eu DUVIDO que tenha havido vistoria do tal setor. Autoridade nenhuma autorizaria que uma torcida enorme fosse colocada naquelas condições.

    PÉSSIMO PARA O MORUMBI E PARA QUALQUER MARKETING. Pior ainda tentar esconder os fatos como os São Paulinos têm feito.

    ESTOU INDIGNADA.

    Yule, a indignação é de todos que lutam para fazer do esporte uma atividade sustentável provendo entretenimento e identificação aos nossos consumidores, transformar o estádio em um campo de concentração vai na contra mão de qualquer boa prática de mercado, duvido também que essa construção às pressas passe por qualquer vistoria pois prejudica demais o escoamento da torcida, não só no final do jogo, mas em caso de alguma emergência, para isso existe a prefeitura, o CREA-SP, o SINAENCO, etc..uma vistoria deles e a coisa muda, espero.

    A questão das bombas, pelo que parece há uma sem dono ainda, em que uma parte acusa a outra. Vai ficar nesse lenga-lenga sem resolver a questão.

    Porém, há o outro lado….desculpe, mas o Corinthians errou feio em dar os ingressos mais baratos para a torcida organizada, que só prejudica o clube; torcedores comuns dificilmente teriam tido grandes problemas apesar da péssima atuação da PM e das péssimas acomodações providas.

    É como quando um avião cai, Yule, não houve só um problema, mas uma infeliz sequência deles; parabéns ao futebol brasileiro, acaba de chutar para o alto mais um monte de potenciais consumidores com esse exemplo lamentável de, de novo, como não fazer as coisas.

    Abraços,

    Robert

  15. Olá Robert,

    Eu estava muito próxima ao ocorrido e digo: não ouvi primeira bomba ALGUMA. Ouvi, sim, gritos de violência e a polícia irritada com eles.

    Depois, ouvi TRÊS bombas, em um corredor estreito.

    Digo e repito: nesse caso, fiquei feliz que os ingressos não tenham sido postos a venda, pois eu teria comprado e sabe-se Deus como estaria agora.

    A decisão não foi por “amor” às organizadas, mas por um mínimo de noção de quem consegue prever a confusão.

    Torcedores organizados são cadastrados e têm mais responsabilidades que o torcedor-bandido-não-organizado e, nesse ponto, acredito que o presidente tenha acertado.

    Eu não gosto de generalizações. Ainda mais quando tentam comparar uma agremiação séria que é a Gaviões da Fiel com lixos de organizadas, como são as do São Paulo, por exemplo. E não estou dizendo que não tinham bandidos lá dentro, estou falando de uma organização com estrutura, estatuto e até departamento social exemplar.

    Enfim, nada do que for dito vai tirar a minha indignação com a falta de preparo da PM e da falta de cuidado do São Paulo em fazer uma arquibancada totalmente propícia a esse tipo de confusão.

    Desculpe qq posição mais fervorosa que eu tenha. Mas não consigo assistir as pessoas simplesmente generalizarem uma situação que foi bem específica da falta de competência de alguns.

    Yule, pela sua trajetória aqui no BLOG e pela responsabilidade que você ganhou na globoesporte.com de representar o torcedor corinthiano darei a você meu voto de confiança, mesmo com o fervor com que você defende suas opiniões que, às vezes, nubla a nossa visão. Você é jovem e apaixonada pelos seus ideais e respeito isso, mas sabe discutir em alto nível, te peço que assim leia essa minha resposta.

    O conhecimento advém de discussões e discordarei de você em alguns pontos até, me desculpe, com alguma veêmencia: o próprio Promotor Castilho, a quem respeito embora não concorde com tudo que ele diz, disse que a tentativa de cadastramento dos torcedores organizados não atingiu mais que vinte mil pessoas, por problemas de alocação de verbas públicas, como você pode ver aqui neste link :

    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Campeonato_Paulista/0,,MUL1004750-9839,00.html

    Insisto na minha tese de erro de ter privilegiado a torcida organizada, ou seria a Guarda Pretoriana, no repasse dos ingressos; não consigo entender esse vínculo, sinceramente, acredito que sejam poucos os “bandidos”, mas é a história da maçã podre e isso vale para todas, não espere encontrar alguém para discutir problemas de física quântica nas organizadas do São Paulo FC, por exemplo.

    Outro ponto em relação às torcidas organizadas que me faz classificá-las como uma aberração é o fato delas usarem as marcas e identidades visuais dos clubes para obter associados, vender material promocional sem remeter um centavo de royalties ao clube; a associação a essas organizações concorre diretamente com a do clube, seja no quadro associativo seja via programas de relacionamento, o nome disso é pirataria, consentida pela mediocridade da administração dos clubes, e seu consequente enfraquecimento político, de uma forma geral; sou a favor da imediata cobrança de royalties, se possível desde a promulgação da Lei Pelé e a asfixia econômica destas organizações.

    Nenhum destes meus comentários/resposta tiram a responsabilidade do São Paulo FC, da Federação Paulista, da Polícia Militar, da Prefeitura de São Paulo que não vetou a construção daquele muro estúpido (se houvesse um incêndio seriam mais de dois mil mortos, pode crer) pelo ocorrido, mas não há como defender grupos organizados que explusam o torcedor comum do mundo do futebol, desculpe, mas cada vez mais procuro lugares onde não vão me bater por usar camisa de cor diferente da deles, e olha que eu realmente gosto de futebol.

    Abraços e seja sempre bemvinda.

    Robert

  16. Oi Robert, obrigada pela resposta.

    De maneira alguma quero defender veementemente qualquer torcida organizada. Talvez tenha me expressado mal.

    O que eu não me conformo é com a atitude da Diretoria São Paulina de não admitir um erro, nunca!

    Aliás, comecei minha primeira resposta dizendo que eu fui ao Estádio confiando na tal MELHOR DIRETORIA DO UNIVERSO. (Aqui, cabe bem o post de hoje do Maurício).

    Concordo com seus argumentos quanto às organizadas. Mas entendo que, após o ocorrido, fico contente de que tenha havido essa decisão. Por um motivo pessoal.

    Caso não tivesse sido dado a eles a tal cota, eles teriam dormido na fila e iriam da mesma forma. Mas eu iria também. Da forma que a diretoria Corinthiana colocou, obrigou-me a pagar um pouco mais caro, e comprar um lugar mais seguro.

    Entende? Não é o certo, mas foi sensato. A tragédia estava anunciada.

    Quanto ao cadastro, acabei de ler no Estadão que esta será a forma de identificar o culpado pelo tumulto.
    Era o que faltava, culparem um torcedor por toda a atrocidade que cometeram.

    De qualquer forma, esse será um tema que defenderei até o fim. Pois eu estava lá. Pois eu fiquei horrorizada. Pois eu tinha vários amigos do “lado de lá” do vidro. Porque nem todo mundo que vai a um jogo é bandido, como estão acusando.

    O meu problema é o discurso hipócrita e mentiroso que jogam na imprensa.

    Mas enfim, não vou mais te atormentar com isso!!!

    Beijos e obrigada novamente!

    Yule, sem problemas, estamos aqui no blog encerrando o assunto também. Espero que TODAS as responsabilidades sejam apuradas e que haja um aprendizado sobre como tratar o torcedor. Também vejo um discurso único na imprensa, estranho, parece que não se perderam alguns vícios dos tempos duros, confesso que estou desanimado. Voltarei aos meus textos acadêmicos e conceituais.

    Obrigado e abraços,

    P.S. li no seu espaço os relatos dos torcedores que lá estavam, parabéns pela idéia e obrigado à Globo Esporte pela pluralidade e espírito democrático.

    Robert


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