Publicado por: Robert Alvarez Fernández | 4/maio/2009

Corinthians X Santos – Ingressos Falsos em pleno século XXI !!!!!

O Campeonato Paulista termina dentro de campo com a conquista do Corinthians, invicto, com uma grande festa da torcida e com a perspectiva de que o clube possa fazer um bom Campeonato Brasileiro assim como o Santos, que com a chegada de Vágner Mancini, deu um salto de qualidade bastante interessante; como é de futebol que estamos falando, surgirão discussões, sobre o pênalti, sobre as expulsões, sobre Ronaldo..enfim, coisas naturais do futebol sobre o que rola dentro do campo.

No aspecto negócio, que é o nosso assunto aqui no blog, há motivos também para algumas preocupações; o mais simples de comentar é o erro de concepção dos “efeitos visuais” da cerimônia de entrega do troféu “in stadia”…..o que era pra ser coisa de Hollywood virou coisa de um “thriller trash” que quase vitimou o capitão do time do Corinthians, o bom e regular zagueiro William, e as demais autoridades presentes…..ao que parece, a Polícia Militar, que pode não ser grande coisa mas é o suficiente para saber que a combinação papel e fogo costuma sair do controle, não recomendou que assim fosse feito, mas a teimosia e a carteirada de alguém prevaleceu, e pode acreditar que esse cara vai ficar bem escondidinho esperando esquecermos o assunto pois ele sabe que não vai ganhar o Oscar de Efeitos Especiais, coisas da organização do futebol.

Fora de campo houve um problema que precisa ser combatido com toda a força de quem quer dar ao futebol o status de um produto crível, maduro e orientado ao cliente. Segundo um operador de catracas, em conversa com pessoal do UOL, aproximados cinco mil ingressos falsificados foram comercializados; segundo fontes da Polícia Militar esse número pode ter chagado a dez mil.

Em momentos destes a desinformação e seu poder entram em ação. Torcedores informavam ter adquirido os ingressos no Pacaembú, pela Internet, de cambistas e assim por diante; tudo isso é possível, se ingressos válidos foram duplicados para venda nos meios ilegais, é possível que o falso entrou e o válido ficou de fora, afinal, o número daquele ingresso já teria passado pela catraca e tido seu núméro baixado do sistema.

Explicações técnicas à parte, pessoas acabaram lesadas, promessas de investigação dos pavões de plantão viciados em mídia, reportagens sensacionalistas e outras bobagens virão à tona, mas não resolverão o problema, que além de ser de segurança pública, é de mercado.

Tentemos convencer essas pessoas a ir ao estádio de novo, não as culpo se não mais o desejarem. Eu não passaria nem na porta, ainda mais por saber como fazer com que isso não mais precise acontecer.

Apesar de todas essas facilidades técnicas, que custam menos que parece, os responsáveis pelo processo, incluindo a estrutura paralela de poder, gostam de criar dificuldade para vender facilidades, frase que gosto de usar para explicar as dificuldades típicas de uma relação com o Setor Público, corrupto e incompetente por natureza, características tais que passeiam pela administração do futebol, a diferença é que o futebol se caracteriza como uma relação de consumo, que tem substitutos, podemos viver sem ele…e muita gente tem feito tal opção, vide os estádios vazios.

O presidente do S.C.Corinthians Paulista, Andrés Sanchez, deu entrevista recente dizendo que quem não for sócio-torcedor terá, em breve, dificuldades em conseguir ingressos para jogos do clube, espero que isso aconteça já, desde que valha para todos, inclusive para a “Guarda Pretoriana”.

Espero que se acorde para esta questão, sempre acreditei que o ingresso físico deva ser eliminado pois as estruturas de manuseio destes são caras e falhas ao extremo, piorando a vida do cliente, justamente aquele que deveria ter a vida mais fácil.

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Respostas

  1. Robert..
    fiz um breve comentário sobre isso em meu simples (e ainda em fase inicial de testes) blog..
    É realmente lamentável que isso ainda aconteça no Brasil, e é ainda mais lamentável que o poder público faça quase nada para coibir e ação de cambistas..

    Sim, acho que cabe aos clubes mudar seu sistema de ingressos, aumentar o quadro social e tudo mais, mas e aqueles clubes que não tem estrutura econômica para isso, fazem como?!

    O Brasil está prestes a sediar uma Copa do Mundo (e não pensem que 2014 demora a chegar, logo logo está aí), e não tem a mínima estrutura para isso.. Estádios são o de menos, mas o que mais se fala.. o que falta no Brasil é infra-estrutura e vontade política.. menos dinheiro no bolso e mais dinheiro “na rua”, investir no país!

    Já imaginou ingressos falsos, e ação de cambistas em plena Copa, com todos os olhos do mundo olhando para nós? (já estou com vergonha agora…)
    E, vou mais longe.. imaginem um “show” incendiário na comemoração do título mundial?! Sorte que a Fifa jamais deixaria isso acontecer..

    Mais uma vez a desorganização brasileira me envergonhou.. infelizmente.

    Abs,

    Guilherme Bello

    Guilherme, obrigado pelo comentário e participação. Acredito que para casos de clubes menores a saída é o compartilhamento da infra-estrutrura em um modelo de custeio sob demanda, pagando por ingresso emitido, pode ser por região, estado, cidade, etc. Porém, insisto com minha tese, ingresso eletrônico é mais barato que o de papel, é a mesma comparação da transação bancária pela Internet e na agência.

    Além do ingresso falso ser um crime, estelionato, e ter por isso que ser investigado pelo Poder Público, a questão também é de mercado, teria de ser preocupação número 1 do clube.

    Quanto à Copa do Mundo, não se preocupe; o sistema é internacional e não terá mãos além das da empresa que os comercializa, não há mãos desonestas brasileiras sobre os ingressos assim como as desonestas alemãs também não os tocaram. Agora, fica a questão de toda Copa, por que os cambistas sempre vendem ingressos em nome da CBF???? Em resumo, a Copa só será no Brasil, não será um evento brasileiro.

    No mais, estou de acordo com você.

    Abraços,

    Robert

  2. BOLA CHEIA

    § Para o Corinthians, campeão paulista de 2009. Invicto, feito que não acontecia no estado há 37 anos.

    § Para o Paulistão, prioridade n° 1 dos clubes paulistas no 1° semestre, notícia em todo o mundo.

    BOLA MURCHA

    § Para a pequena imprensa, que chamava o Corinthians de “time de segunda”, Ronaldo de “acabado” e o Paulistão de “paulistinha”, e que caiu no ridículo com o desenrolar dos fatos.

    § Para os organizadores da final do Paulistão. A comemoração quase acaba em tragédia, como Ronaldo, responsavelmente, fez questão de destacar, ainda no calor dos festejos. E a torcida corinthiana recebeu um tratamento criminoso em sua busca por um lugar no Pacaembu na grande final: praticamente não foram disponibilizados ingressos na bilheteria, e houve um derrame absurdo de 10 mil bilhetes falsos. Espera-se que o promotor e o delegado que tanto se preocuparam com os dedos de Cristian, na comemoração do gol contra o São Paulo, dediquem a devida atenção ao grave caso dos ingressos.

    Henrique, obrigado pelo comentário. De acordo com o “Bola Cheia” para o Corinthians, foi um trabalho de ressurgimento bastante forte e interessante, esperamos que isso se mantenha pois Corinthians forte é bom para o futebol e sua imensa torcida.

    A organização do campeonato e da venda de ingressos realmente deixou muito a desejar, 10 mil bilhetes falsos é um fato inadmissível que deve ser investigado a fundo e, além de punição para os culpados, deve-se criar estruturas e processos para que isso não mais aconteça; talvez quem aufira lucros com essa confusão tente impedir, mas o futebol paulista e o clube tem que ser maiores que essa quadrilha, tenha ela CNPJ ou não.

    Abraços,

    Robert

  3. Espero que nunca se confirme que apenas quem for sócio-torcedor possa ir ao estádio.

    Seria um terrível retrocesso. A elitização plena do futebol.

    O Corinthians é o time do povo e os ingressos já estão num patamar bem distante da realidade das classes D/E.

    É evidente que devam existir mecanismos de fidelização, áreas VIP’s etc., onde se paga mais. Contudo, esse “pago a mais” deve garantir que em outros setores se “pague a menos”, permitindo que o povo presencie o seu time.

    O que foi feito no Inter ou no Atlético-PR são mecanismos de elitização e afastamento das classes mais pobres do estádios.

    Aplicado esse modelo de sócio-torcedor no Corinthians, teríamos um tiro fatal sobre o povo humilde que foi quem, de fato, construiu a nação corinthiana.

    Bloguedotimao, obrigado pelo comentário.

    Entendo seu ponto de vista, mas a estrutura econômica competitiva de hoje o torna um pouco antigo; acredito sim que deva haver uma setorização onde haja lugares mais econômicos com serviços básicos ao menos (menos lugares dada a utilização média dos estádios hoje) e lugares mais caros que tenham mais serviços e setores VIP, mas não acredito que um deva subsidiar o outro, quem não tem renda que não vá aos estádios.

    O que foi feito no Atlético-PR e no Inter-RS baseou-se em estudos de mercado e não em paradigmas pré concebidos, desta forma, apesar de precisar de alguns ajustes acredito que eles estejam corretos.

    Outro pensamento que precisaria ser revisto seria o de que programas sócio-torcedor elitizam, discordo, pode haver planos mais econômicos também assimo como mais caros, o Corinthians tem planos bem acessíveis, o que é preciso é acabar com o ingresso físico, com as filas, os cambistas, etc.

    Abraços,

    Robert

  4. NO MUNDO:

    http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2009/05/04/ult59u197421.jhtm

    04/05/2009

    Mídia internacional destaca renascimento de Ronaldo, fogo e “protagonistas”
    Do UOL Esporte
    Em São Paulo

    Assim como a contratação por parte do Corinthians, o primeiro treino no clube, o primeiro jogo, o primeiro gol e tantos outros feitos de Ronaldo na equipe, o primeiro título do Fenômeno com a camisa alvinegra não passou em branco na imprensa internacional. Jornais esportivos de todo o mundo informaram nesta segunda-feira o triunfo corintiano na final do Campeonato Paulista após um empate com o Santos por 1 a 1 no Pacaembu e destacaram a volta definitiva do maior artilheiro da história das Copas do Mundo.

    O texto mais emblemático parece ter sido o do jornal espanhol As, que já narrou as façanhas de Ronaldo em suas passagens por Barcelona e Real Madrid. Com a manchete “O que mais engorda Ronaldo é seu título”, o diário não poupou hipérboles para descrever a primeira grande vitória do atacante em seu retorno ao futebol brasileiro. “Com duas cicatrizes de 15 centímetros nos joelhos e uma conta corrente que não se poderia gastar em 10 vidas, Ronaldo deu uma lição: voltou a ganhar”, escreveu o jornal.

    Apesar do conhecido tom exagerado, o também espanhol Marca foi mais comedido e ressaltou que Ronaldo fez uma partida sem brilho justamente no dia em que foi acompanhado de perto pelo técnico da seleção brasileira, Dunga, que esteve no Pacaembu. Entretanto, o diário lembrou que o craque fizera dois belos gols no primeiro jogo da decisão (3 a 1 para o Corinthians, na Vila Belmiro), que “arrancaram elogios de Pelé”.

    O português A Bola seguiu a mesma linha do colega espanhol e citou o “jejum” de Ronaldo na segunda partida da final. O jornal luso ainda trouxe frases de Dunga, que, em entrevista à imprensa brasileira, jogou um balde de água fria nas pretensões do camisa 9 em retornar ao combinado nacional. “Ronaldo precisa disputar mais jogos para atingir sua forma ideal”, disse o treinador.

    Fogo e outros campeões

    Antiga conhecedora de Ronaldo por suas atuações na Inter de Milão e no Milan, a Gazzetta dello Sport fez texto detalhado sobre o jogo do último domingo, caprichando nas menções ao atacante, mas também detalhando momentos importantes da partida e outros jogadores que colaboraram efetivamente com a conquista corintiana.

    “O ex-atacante de Inter e Milan, depois de iluminar o jogo de ida, não brilhou na volta, limitado por um golpe na costela sofrido durante a Copa do Brasil”, trouxe a Gazzetta, referindo-se ao incidente ocorrido com Ronaldo na partida da última quarta-feira contra o Atlético-PR pelo torneio nacional.

    O diário ainda encheu de elogios dois companheiros do Fenômeno no Corinthians. O texto, que exaltou o retorno do clube à elite do futebol nacional coroado pela conquista estadual, afirma que André Santos e Dentinho foram os protagonistas desta volta. “O muito bom lateral André Santos, melhor jogador na última temporada, e o jovem Dentinho, que cresceu nas categorias de base do clube e já desperta o apetite dos melhores clubes europeus”.

    Em tom menos festivo, o site da Fifa também destacou a conquista corintiana, mas salientou a bronca que Ronaldo deu nos organizadores devido ao pequeno incêndio ocorrido durante a celebração. “Era óbvio que iria pegar fogo. Eles deveriam ter pensado melhor antes”, esbravejou o atacante, e reproduziu a página da entidade máxima do futebol.

    Thiago, obrigado pelo comentário. Realmente a mídia internacional deu algum espaço para o Corinthians e o ressurgimento do Ronaldo, especialmente a imprensa espanhola por meio do Marca, AS e assim por diante.

    Claro que a ópera bufa da qual o William, o presidente Sanchez e demais autoridades foram vítimas, felizmente sem consequências, não poderia passar desapercebida, foi uma irresponsabilidade sobre a qual o Ronaldo, além do William, fizeram muito bem em reclamar.

    Abraços,

    Robert

  5. O que dizer sobre isso?

    Várzea? Há tantos adjetivos….

    A questão do sócio-torcedor é um começo. Além de garantir uma receita ao clube, beneficia àquele que o está ajudando. Na minha perspectiva, pode ser a melhor saída. Mas não a resolução completa.
    Como no Brasil o clube não cuida da venda de seus ingressos e joga a culpa nas costas da federação e/ou a empresa que presta o serviço.

    É necessário que as empresas façam o seu serviço bem feito e fiscalizado, com equipamentos altamente tecnológicos que inibam a quase zero as fraudes.
    Também sendo importante uma fiscalização do próprio clube e organizadora do campeonato sobre a empresa terceirizada.

    E o problema não se enquadra só nos “fake tickets”, há a péssima comercialização que gera filas e cambistas.
    Aí entramos na esfera pública que deve agir de maneira enérgica.

    Pergunto: Por que raios a empresa que hj presta serviços a 90% dos clubes, após de aparecer nas páginas policiais, ainda atua no mercado?
    E por que raios a FIFA assinou com a mesma para comercializar os ingressos da Copa-14?

    Grande abraço Professor,

    Ricardo

    Ricardo, obrigado pelo comentário. Pois é, foi amadora a cerimônia….a venda de ingressos também.

    É necessário investir em estruturas e processos bem amarrados, com LOGs de sistemas, controle de acesso, amarração por assento, número máximo de ingressos por CPF para evitar esses incidentes; o mais curioso é que tais sistemas são bastante triviais e baratos mas parece que o poder paralelo, representado por essa empresa que você cita na última pergunta, defende o seu feudo com bastante energia, coitado do consumidor ou não, já que ele arranja coisa melhor pra fazer ao invés de se submeter ao desrespeito.

    E não adianta botar a culpa no terceiro, o clube terceiriza porque quer, o dono do processo de negócio ainda é o clube, ou alguém vai ver jogo por conta do nome da empresa que vende ingressos?

    Abraços,

    Robert

  6. Outra questão que levou a discussão.

    Bloguedotimão:
    “Espero que nunca se confirme que apenas quem for sócio-torcedor possa ir ao estádio.

    Seria um terrível retrocesso. A elitização plena do futebol.

    O Corinthians é o time do povo e os ingressos já estão num patamar bem distante da realidade das classes D/E.”

    Discordo, não é elitização se o clube souber setorizar o seu estádio. É fato que qualquer clube grande de qlq grande centro futebolístico atinge da camada mais baixa à mais alta da sociedade.

    De novo, se o clube souber setorizar o seu estádio. Pode conseguir trazer uma demanda oprimida (Classes AA, A e B), e manter boa parte da que mais frequenta atualmente (Classes C/D).
    Porém, não há como agradar a gregos e troianos.

    O Amir escreveu um post muito bom sobre o assunto, acho que foi após o jogo Brasil X Argentina, no Mineirão.

    Abraço

    Ricardo, creio que seja esse o ponto, segmentação. É claro que o esporte tem apelo em todas as classes sociais e não se deve nivelar o consumo por baixo; cabe ao Estado prover, com os impostos que pagamos, alternativas de entretenimento gratuitas e decentes ao invés de entidades privadas subsidiarem isso à custa de prejuízos incalculáveis.

    Abraços,

    Robert

  7. Com relação aos ingressos falsos e ao incidente com o capitão Wiliam, o que foi dito me satisfaz. Só resta lamentar e torcer para que esse quadro seja mudado.

    Mas um ponto e chamou a atenção na matéria. Acredito que a declaração do presidente corinthiano (quem não for sócio-torcedor terá, em breve, dificuldades em conseguir ingressos para jogos do clube) abra espaço para uma discussão muito complexa sobre o assunto.

    Todo grande time de futebol possui torcedores que só estão presentes no estádio em algumas partidas (questões financeiras, distância, momento do time, segurança, entre outros).
    É importante que esses torcedores sintam-se participativos e continuem ativos, seja no consumo de produtos,na audiência e até mesmo na divulgação como torcedor.

    É um risco que se corre na prática exagerada e descontrolada do sócio-torcedor, “perder” esse torcedor participativo de algum modo. É preciso que se tomem alguns cuidados e que o programa seja servido ao torcedor com cuidado, aos poucos, repensando planejametos e agindo de acordo com os fatos.

    O torcedor comum já sente dificuldade em ir a grandes jogos, por motivos que já citei, além do domínio das torcidas organizadas, donas das arquibancadas.

    Se o programa do sócio-torcedor tomar as proporções supostas pelo presidente, outros problemas podem acontecer, atrapalhando outras práticas modernas da administração do futebol.
    Lojas com produtos inovadores, bares temáticos, dentre outras, perdem a rotatividade de clientes, já que sempre os mesmos torcedores estariam presentes, e já teriam consumido e experimentado esses serviços inovadores. Clubes europeus já aprenderam com a experiência.

    Por outro lado, temos jogos com menos de um quarto da capacidade do estádio ocupada pelos torcedores, o que conta a favor do programa de sócio-torcedor em maiores proporções.

    Para o Corinthians, essas discussões são em vão, tendo em vista que o clube não possui um estádio próprio e digno de um programa de conforto e fidelidade com sua torcida, e costuma mandar jogos em um estádio para 30 mil torcedores.

    Quando a diretoria encontrar um modo de ter o estádio próprio, o retorno será imediato, e o clube poderá discutir programas modernos (como o sócio-torcedor) para presentear sua torcida da maneira como merece, e criar fontes de renda novas para o clube.

    Tiago, obrigado pelo comentário e pela contribuição.

    O tema é bastante amplo mesmo e você foi feliz em citar o aprendizado dos clubes europeus. O Arsenal, por exemplo, destina aproximados 75% do seu estádio para os sócios torcedores que compram o carnê da temporada, é um modelo que funciona bem por enquanto; os outros quinze mil ingressos são disputados pelos demais sócios que não tem o carnê e pelos demais torcedores de presença ocasional, assistir como avulso um jogo do Arsenal ou de qualquer clube inglês, no exemplo, é muito díficil, mas não é impossível…assim como disse o presidente do Corinthians.

    A lógica presente em todo o sistema econômico, em qualquer ramo de atividade, é o de privilegiar o comprador frequente ou de grande escala, isso é natural. Porém a preocupação com a conquista de novos consumidores é pertinente e os clubes europeus tem essa preocupação em não lotar o estádio só com sócios e deixar um espaço para essas ações. Vi isso claramente nas pesquisas in loco que fiz na Inglaterra.

    Abraços,

    Robert

  8. Pelo que vejo a discussão dos comentários mudou um pouco de rumo..

    Quanto a questão dos sócios-torcedores, entendo a posição dos que são contra, mas devo expor meu ponto de vista..

    Sou do RS e posso dizer pela experiência (principalmente do Inter, mas também do Grêmio) que a implantação do sistema de Sócio-Torcedor tem sido MUITO benéfica pelos times.

    Desde que o sistema foi implantado, deixaram de ocorrer jogos com menos de 20mil pessoas (algo que era comum em jogos estaduais), isso gera renda para o clube. Sim, muitos torcedores (não-sócios) não conseguem ingresso para jogos decisivos mas, por diversos fatores (como distância, momento do time, $$), são poucos os sócios que freqüentam todos os jogos, portanto ainda não vejo problemas quanto a rotatividade do público.

    Outro fator importante que pude notar por aqui foi o nível de segurança nos estádios, desde a implantação desse sistema diminuiu MUITO (a níveis quase zero) os problemas com brigas entre torcidas. Ligo isso ao fato de que o nível social médio dos torcedores tenha se elevado, além do fato das direções dos clubes terem parado de financiar ingressos para as organizadas.

    Então, no momento em que o Brasil passa hoje, não vejo outra forma de organizar os torcedores que não seja o aumento dos quadros sociais. Sim, infelizmente muitos perderam acesso aos jogos no futuro, mas ai caberá aos clubes fazer o que os europeus fazem para divulgar suas marcas e conseguir mais torcedores – boas pré-temporadas e jogos amistosos para fortalecer relações com novos (e antigos) torcedores..

    Abraços!

    Guilherme

    Guilherme, obrigado pelo novo comentário.

    A experiência dos clubes do Sul é um modelo a ser observado e replicado em outros centros com os devidos ajustes pois cada grupo social tem suas proprias características.

    O que eu sempre levo em conta, e que entrou no meu comentário quando citei o Arsenal, é a dificuldade de criar condições de demanda para novos públicos; esta é uma preocupação dos clubes ingleses mesmo destinando parte do estádio para os associados.

    O ponto em que você cita o fim da violência e do subsídio das organizadas já faz valer a pena um projeto destes pois um grande contingente de entrevistados em pesquisa afirma ser a violência percebida o grande fator de decisão contra o consumo in loco do produto futebol.

    Eu creio firmemente que torcedor tem que ter nome e RG, e isso não deve ser uma questão de segurança pública mas sim de mercado, precisamos conhecê-lo para oferecer produtos relevantes a ele e mostrar aos patrocinadores das oportunidades que ele tem ao se relacionar com nossos clubes.

    Abraços,

    Robert

  9. Concordo com a setorização. Notem que isso já ocorreu com as camisas oficiais. Os clubes passaram a criar as camisas casuais com preços ao redor de R$ 30 a 40, mais acessível que as camisas de jogo.

    Um ponto importante dessa discussão é a renda total do jogo (deste e de vários outros). Na final, a renda foi de R$ 1,8 milhões. Na semi e em alguns outros jogos, também superaram o R$ 1 milhão. Elitista ou não (acho que resolvemos essa questão com a segmentação) a receita de bilheteria é fundamental para os clubes (todos eles).

    Abs a todos

  10. Robert
    Permita-me um comentário que foge do assunto deste post, é que toda vez que vejo as imagens dos treinos do Ronaldo no CT do Corinthians fico imaginando que aquelas imagens com certeza irão para o mundo todo, temos um dos maiores astros do futebol mundial treinando em um local que perde para muitos campos de várzeas, pois encontro com freqüência locais onde o povão joga o seu futebol de fim de semana onde em volta do campo temos muros bens pintados, gramados bem cuidados, ou seja, com uma boa aparência. O CT do Corinthians parece aqueles terrenos baldios. Será que sai tão caro dar uma imagem melhor para aquele local de treinamento?

    Um abraço
    Roberto Carlos

    Roberto, acredito que o clube deva sim tem um CT de qualidade e tecnicamente próximo do perfeito, isso ajuda no desempenho do próprio time.

    Quanto ao fato das imagens irem para todo o mundo, tenho minhas dúvidas; o que vemos na mídia internacional são fragmentos de imagens adquiridas das agências nacionais de notícias e ao meu ver insuficientes para que se mostre as instalações do clube, mas é só uma opinião.

    Em tempo, não considero que custe uma fortuna fazer as coisas direito, é só uma questão de prioridade.

    Abraços e continue participando,

    Robert

  11. Robert,

    Primeiramente, obrigado pelo espaço. Li e reli as repostas e fiquei um pouco confuso quanto as suas argumentações.

    Creio que houve um deslize ao afirmar que: “cabe ao Estado prover, com os impostos que pagamos, alternativas de entretenimento gratuitas e decentes ao invés de entidades privadas subsidiarem isso à custa de prejuízos incalculáveis.”

    Ora, essa afirmação só faz sentido caso você esteja colocando a sua argumentação em outro plano, não na situação histórica e atual do futebol brasileiro.

    Lembremos que as tais “entidades privadas” são subvencionadas pelo Estado em todas as esferas, notadamente: (1) na renúncia fiscal, (2) na transferência direta de ativos para construção de estádios, CT’s etc. e, mais recentemente, (3) na utilização da lei de incentivo ao esporte para a formação de atletas.

    Sem querer discutir se a ações do Estado estão ou não corretas (pois não é o ponto de divergência aqui), não se pode achar que tais recursos são transferidos para as “entidades privadas” com a intenção de melhorar a “estrutura econômica competitiva” existente, pois seriam, sob esta ótica, ações causadoras de assimetrias entre as entidades.

    Na verdade, o Estado investe no futebol profissional, pois ele é de interesse público: legítima manifestação cultural brasileira, elemento caracterizador da nossa identidade e, mais importante, fundamental na formação da nossa auto-estima.

    Eis aí o primeiro ponto de discórdia, o Estado sempre “investiu” no futebol , quase sempre por meio da vista grossa que faz nas enormes dívidas com o INSS, FGTS, etc. ou por meio do uso político do futebol como forma de promover uma espécie de “pão e circo”, forma de entretenimento para as massas, embora você tenha razão na qualificações que atribui ao futebol não creio que o Estado tenha, em algum momento, pensado de forma tão nobre como você propõe; o Estado brasileiro, dada sua formação e características, é inimigo natural do trabalho produtivo.

    Considero os incentivos fiscais um erro, entidades privadas que são deveriam estar em dia com suas contas tanto públicas e privadas, afinal quando há dívidas é porque alguém trabalhou e não recebeu e isso eu não considero justo.

    É importante entendermos esse ponto, pois, caso mantenha-se a elitização em curso – cujos exemplos já estão aí – será natural que o Estado haja no sentido oposto: impondo regulamentação específica para garantir que o interesse público se sobreponha ao privado – afinal ele transfere recursos para democratizar a manifestação cultural, não para maximizar o lucro das entidades.

    A manifestação cultural é legítima, mas é legítimo também que nem todo mundo queira pagar essa conta, a atividade tem que ser auto sustentável economicamente, atingindo todos os públicos; parece que você nota neste meu comentário um viés elitista, que se quebra no final da resposta; mas acredito no contrário, é preciso e possível atender com lucro, todos os segmentos demográficos da sociedade.

    Sou contra qualquer intervenção do Estado, inclusive em aspectos regulatórios; quebrou, deixa quebrar; faliu , deixa falir. É assim que o mercado se regulamenta, claro que a farra dos bancos americanos quebrou esse discurso um pouco, mas o socorro ao sistema quebrado, em qualquer ramo, socializa o prejuízo, o que é errado, mas é uma discussão mais longa de causa/consequência.

    O problema (e esse é um tema polêmico o suficiente para virar um novo tópico) é que esse tipo de intervenção é quase sempre ruim… Por exemplo, lembremos do caso da carteirinha de estudante. Ela deveria ser um mecanismo para ampliar o público de eventos culturais e esportivos menos populares, mas acaba sendo uma regra que encarece o preço do ingresso para todos os presentes no estádio de futebol (certa vez, fiz uma conta rápida em cima de um documento da FPF e vi algo em torno de 1/3 de torcedores pagando meia. Como não existe “free lunch”, todo mundo acaba pagando)

    A 1/2 entrada é um dos fatores que impedem que o Brasil esteja no circuito internacional de shows e eventos internacionais de forma mais profunda, a conta não fecha pois não há a complementação da renda do organizador do evento, não creio que esteja errado, estudante precisa sim ter benefícios, mas alguém precisa pagar a conta….a conta de ter gente bem formada para dar ao país um futuro melhor eu pagaria sim, sem reclamar.

    Minha argumentação no 1º post foi neste sentido: dado o exemplo do Inter que, aparentemente, atingiu a “elitização plena” (hehe!) os clubes deveriam agir rápido, num verdadeiro processo de auto-regulamentação, de modo a garantir que as classes D/E não sejam expulsas da nossa manifestação cultural mais relevante. Noto, inclusive, que você e os outros colegas meio que reconhecem a necessidade de que exista alguma forma de “setorização”. Ora, então temos aí a oportunidade de uma prosa beeeeeeemmmmm looooooonnnnngaaaa!

    Acredito que cada clube deva investigar seu mercado e buscar formas de segmentação mais apropriadas. É preciso separar as questões, programas de relacionamento, fidelização andam bem longe de elitização, que vai acabar acontecendo como acontece já nos cinemas, teatros, shows, etc e ninguém morreu por causa disso…..a lógica econômica que se impõe é maior que o futebol ; históricamente as camisas oficiais custam 1/3 de salário mínimo e ninguém reclama, quer coisa mais excludente que isso? A camisa é uma forma de expressão também.

    “É preciso ter o futebol no sangue, e a gente, neste momento, não duvida de que qualquer laboratório detectaria a sua presença nas veias de cada brasileiro, numa mistura balanceada com glóbulos brancos e vermelhos” – Mino Carta.

    PS: creio que estiquei demais o texto, mas já existia um burburinho sobre o tema “elitização” entre os blogueiros corinthianos e palmeirenses (todos separados pelo cordão de isolamento… é claro!).

    http://bloguedotimao.wordpress.com

  12. Comentário rejeitado por linguagem inadequada e falta de capacidade de compreender as altas discussões a que este BLOG se propõe.

    Robert

  13. Pois é, falando em altas discussões, eu mandei um post enorme, mas acho que ele se perdeu pelos anéis de Saturno da Internet…

    Não chegou nada por aí?

    PS: Meh, não vou conseguir reescrever…

    Álvaro, resgatei seu texto e está comentado acima, boa discussão.

    Robert

  14. Robert,

    Temos alguns pontos claros de discordância sobre o papel do Estado.

    Para não alongar muito as coisas, olha só a discussão que o Ministro da Cultura Inglês pôs em debate na Inglaterra esta semana:

    http://article.wn.com/view/2009/05/06/Share_your_wealth_Andy_Burnham_tells_Premier_League_football/

    É o governo inglês agindo diretamente no domínio econômico, por demandas culturais (e, de certa forma, esportivas).

    Álvaro, temos nossas discordâncias, eu não confio no Estado brasileiro pois creio que seu único objetivo é continuar perpetuando seus privilégios e de quem o orbita (vide nossa taxa de juros que poderia ser a metade do que é), mas o que vale é a discussão e, sobretudo, o aprendizado que vêm dela.

    Quanto à proposta do ministro inglês, me parece uma proposta que não tem apenas um viés social, se é que tem algum; o vejo como um sinal de que é preciso que o esporte tenha competitividade, e portanto imponderabilidade, para que o produto futebol continue tendo apelo e se sustente; esse viés, a busca da competitividade, é o principal atributo do esporte americano com os drafts e a padronização técnica, ainda que por um nível baixo, do automobilismo americano, não vejo muita preocupação com acesso de público de baixa renda, enfim, é uma visão.

    A preocupação mercadológica com o excesso de qualificação demográfica que é imposta ao consumidor do futebol inglês já ocupa a cabeça dos profissionais dos clubes, pode ter certeza, e é uma questão que não tem resposta no curto prazo; hoje é assumido como uma fragilidade potencial.

    Aqui no Brasil não sabemos nem quem é nosso público, temos a crença desqualificada que é a classe D/E que vai aos jogos pela incapacidade de realizar uma miserável pesquisa de mercado; temos um produto mal mercadorizado, mal concebido, de credibilidade muito duvidosa e que trata o consumidor como quem vai a uma repartição pública ou a uma consulta do SUS, ou seja muito desrespeitosamente; estamos bem longe de ter o “problema” da Inglaterra, mas valeu o exemplo.

    Resumiria nossa discordância no seguinte ponto : pra mim o futebol é um negócio, não uma política pública ou a ressurreição do pão e circo, se vale a segunda opção eu não quero pagar a conta, se tiver que fechar o Flamengo e o Corinthians porque eles não pagam o que devem, que seja; você, os demais leitores e eu já pagamos caro a incompetência pública, dos bancos que quebraram, etc e isso não é justo.

    Continue participando, é dessas discussões que gostamos por aqui, obrigado !!

    Abraços,

    Robert

  15. […] Aliás esse é um ponto: foi feito algum estudo sério sobre o público que vai ao estádio? Qual a classe? Renda? Qual o público que poderia ainda ser atraído? É bom ler as respostas do Robert (futebol&negócio) aos meus questionamentos; […]

  16. Não tem muito a ver, mas como o assunto é ingresso achei esse notícia muito interessante:

    “Para facilitar a compra de ingressos pelos torcedores, a equipe carioca realizou uma parceria com a empresa Ingressomais.

    Por meio do acordo entre empresa e clube, aqueles que quiserem ir até o Engenhão para assistirem ao jogo terão 39 diferentes pontos de venda para garantirem a sua entrada, além do site http://www.ingressomais.com.br.

    Além disso, a parceria do Botafogo com a empresa de venda de ingressos possibilitou que se cobre o mesmo valor para todos os setores do Engenhão, isto é, R$ 20,00 a inteira, e R$ 10,00 a meia-entrada.”

    Fonte: Universidade do Futebol

    Acho que o Botafogo esta dando um gigante passo, pelo menos aqui no Futebol do Rj para acabar com essa pouca vergonha que é a venda de ingressos.

    Bruno, obrigado pelo comentário e torço para que você tenha razão quanto ao passo do Botafogo.

    Eu defendo o fim do ingresso físico, ou pelo menos do ingresso ao portador do jeito que está.

    Acredito que possa-se amarrar sistemicamente o número do CPF do comprador do ingresso para evitar cambistas, ingressos falsos, etc….além disso, criar um processo rápido e fácil para compra do ingresso.

    Se preocupar com a estruturação dos serviços pensando no cliente é marketing também e vai mais além do modelo “camisetas, DVD’s e molho de tomate” que prevalece aqui no Brasil ainda.

    Abraços,

    Robert

  17. Olá pessoal, solução existe e com tecnologia de sobra, o dificil é conseguir acesso aos grandes.
    Abraços,
    Cintia – Fábrica de Ingressos

    Cintia, sabemos que há a teconologia, eu mesmo sou um profissional de teconologia da informação. O problema talvez não seja apenas “chegar aos grandes” mas também transpor as imensas barreiras que a estrutura de “poder paralelo” que bilheteiros, porteiros, cambistas, conselheiros, membros de torcidas (quadrilhas) organizadas impõe à modernização.

    Abraços,

    Robert


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