O F&N pede licença para trocar o “extracampo” pelo “extraquadra”. E por uma razão das mais relevantes: o fim das atividades da equipe feminina de vôlei do Finasa/Osasco não se deu pela derrota de domingo na final da Superliga ou pela crise econômica, como muitos podem supor. Além de tudo o que tem sido comentado e publicado, existe uma justificativa maior.
Na verdade o Finasa acabou há 6 meses. A decisão de fechar as portas do time profissional poderia ter ocorrido em setembro do ano passado, antes mesmo da apresentação do grupo que ficou com o vice da Superliga no último fim de semana, segundo informações que recebi de uma fonte confiável.
Foi naquela época, pouco depois das Olimpíadas de Pequim, que a Confederação Brasileira de Vôlei renovou o contrato de patrocínio com o Banco do Brasil por mais quatro anos.

Presidente da CBV teria deixado Bradesco na mão (foto: Divulgação)
O problema é que, antes de estender a parceria com a instituição federal, o presidente da CBV, Ary Graça, teria apalavrado um acordo com outro banco: o Bradesco (dono do Finasa).
A negociação entre Bradesco e CBV teria sido feita na China, durante os Jogos. O então presidente do banco, Márcio Cypriano, esteve em Pequim com o dirigente máximo do vôlei brasileiro para tratar do patrocínio, que englobaria as seleções masculina e feminina, a Superliga e o vôlei de praia.
O acordo teria sido fechado verbalmente em território chinês e as duas partes ficaram de assinar assim que retornassem ao Brasil. Entretanto, no dia combinado para formalizar o contrato, na sede do Bradesco em Osasco, o presidente da CBV simplesmente não teria aparecido.
Poucos dias depois, Ary Graça acertou a renovação com o Banco do Brasil. O episódio irritou profundamente a cúpula do Bradesco, que cogitou acabar com o time do Finasa naquele momento. A apresentação oficial da equipe quase foi cancelada na véspera e só não ocorreu porque o departamento de Marketing do banco argumentou que seria péssimo para a imagem da instituição.
Em março deste ano, o Bradesco trocou de presidente. Luiz Carlos Trabuco Cappi substituiu Márcio Cypriano, que deixou o cargo por ter atingido o limite de idade previsto no estatuto do banco.
Mas o novo presidente teria combinado com o antecessor que a equipe profissional do Finasa fecharia as portas no fim da Superliga, independentemente do resultado. E foi o que aconteceu…
Lamentável.
No minimo houve pressão do ministro do esporte (um cidadão que está se esforçando para acabar com o esporte amador no país) para manter o estatal Banco do Brasil.
Outra que joga um monte de dinheiro fora é a Caixa Economica Federal.
Uma vergonha.
E o basquete nacional então, respira por aparelhos graças a NBB.
abraço,
By: Jeff on 23/abril/2009
at 11:54 am
Marcos, excelente “furo” de reportagem. Concordo com o leitor Jeff em tudo o que ele disse.
Comentei a questão do fim do time de Osasco em minha coluna semanal na Eldorado.
Realmente é lamentável que o vôlei corra o risco de cometer alguns erros do futebol, e olha que o vôlei sempre foi modelo de administração esportiva no Brasil, mas onde o ministério põe a mão…..
Abraços,
Robert
By: Robert Alvarez Fernández on 23/abril/2009
at 12:11 pm
Fica evidente que seria mais fácil, como todo mundo já sabe manipular dinheiro de uma instituição pública. Negociatas e comissões são comuns neste tipo de acordo. Grande furo….
By: Edson Marques on 23/abril/2009
at 12:20 pm
Lamentavel essa noticia…tanto para o volei feminino brasileiro,mas como também para a cidade de osasco,que já tinha absorvido o time,todos os habitantes lá aprenderam a gostar e a torcer pelo finasa.Uma pena que um time com torcida,titulos,estrutura e grandes jogadoras acabe desta maneira.
By: Caio on 23/abril/2009
at 3:35 pm
O Osasco era um “time” que se consolidou-se no voleibol feminino constituindo uma torcida que acompanha o time.
O sistema esportivo no Brasil fortalece as federações para que estas, não percam poder. Assim definiu o presidente da CBV: ” A fila anda…”. Para ele é interessante ter a CBV forte ($$$) e clubes vulneráveis que dependem de patrocínio, que esses dependam do andamento da economia….esse é o círculo.
Se os clubes fossem fortes, recebecem diretamente verbas da TV, poderiam tornar-se mais independentes e fortes.
É melhor ter Osasco x Brusque do que um ” finasa x brasil telecom” hoje ou ” time do sabonete x time do shampoo” amanhã, o nome do clube deve ser mais forte, identificando torcedores com clubes e cidades.
Ainda acredito numa reviravolta.
By: cleber prado on 23/abril/2009
at 6:47 pm
Marcos,otimo post! Parabens! Li esse aqui no Jogo de Negocios e achei bacana para colocarmos em debate esse assunto: imprensa fala ou nao o nome dos patrocinadores? O que acha da posicao da Globo? Pode falar sobre o assunto agora?
http://jogodenegocios.blog.terra.com.br
By: Danilo Augusto on 23/abril/2009
at 11:16 pm
O Brasil tem jeito? Tenho 47 anos e já perdi a fé que um dia, neste país, os políticos e a cartolagem vão agir sob os pilares da responsabilidade, da ética e também da promoção do bem estar coletivo e em prol do que pode ser melhor para o povo e para o país.
No Brasil nada é realmente levado a sério quando se fala no coletivo. É a “Lei de Gérson” enraizada até o fundo da alma e sempre a favor das vantagens e dos benefícios que privilegiam os interesses escusos e quase sempre individualístas.
By: Renato Serra on 25/abril/2009
at 8:45 am