Camarote F&N: A verdadeira importância dos “professores”

O Camarote F&N desta semana traz um “texto de degustação” para o leitor do F&N. O nosso convidado é Maurício Noriega, comentarista do Sportv e da TV Globo, que acaba de lançar seu primeiro livro.

“Os 11 maiores técnicos do futebol brasileiro” já está nas prateleiras das livrarias e o post de hoje é um aperitivo especialmente preparado pelo Noriega para o blog:

A verdadeira importância dos “professores” no futebol

Por Maurício Noriega*

Acabo de lançar o livro “Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro“, pela editora Contexto. Procurei fazer uma análise da evolução dessa categoria no País do Futebol ao longo dos anos. Terminei descobrindo que os chamados “professores” assumiram o comando do jogo ao longo do tempo. Muitos por merecimento, alguns por absoluta falta de comando e de capacidade das pessoas que dirigem o futebol brasileiro.

Fala-se em negócios do esporte, como este blog faz com absoluta propriedade. Mas o que ocorre entre os clubes de futebol brasileiros no século 21 não é muito diferente do que acontecia antes de 1958, quando ganhamos a primeira Copa do Mundo. Reina o amadorismo, sob o pretexto da paixão e como justificativa para uma série de negócios escusos.

Por isso os treinadores acabaram se transformando um pouco em administradores, gerentes e até diretores. Em alguns casos, mandam de fato nos clubes. Sugerem, inclusive, mudanças estruturais na administração e no próprio espaço físico das entidades.

Há clubes que são administrados como empresas familiares. Outros como pequenas cooperativas formadas por grupos de amigos e parceiros com interesses políticos e financeiros semelhantes. Aí contratam treinadores que pensam da mesma maneira e está feito o acordo.

Na pesquisa para o livro aprendi e confirmei que os treinadores foram ganhando importância ao longo do tempo não apenas pelas inovações táticas. Mas principalmente por saberem ocupar o vácuo de competência e conhecimento que existe entre os dirigentes.

Antes do Plano Paulo Machado de Carvalho para a Copa de 1958 os técnicos cuidavam de tudo num time de futebol. Alimentação, preparação física, escolha de hotel, concentração. Alguns fazem isso até hoje. Mas houve uma evolução considerável entre os grandes clubes, com boa estrutura de fisiologia, medicina, concentração.

Acontece que os treinadores também abocanharam uma fatia da importância econômica do futebol, por causa da ausência dos grandes craques. Sem muitos talentos para resolver dentro de campo e, muitas vezes, consertar as bobagens vindas do banco, os “professores” de hoje são autênticos executivos. Fazem palestras, pilotam computadores e programas sofisticados, tentam mostrar planos de gerenciamento e motivação para grupos de grandes empresas de outras áreas de atuação.

Faz parte do processo evolutivo do esporte. Talvez o próximo passo seja a transformação desses técnicos ou de alguns jogadores mais capacitados fora de campo em gerentes profissionais, ou mesmo, executivos profissionais do futebol. Capazes de comandar um clube, gerenciar um departamento, formatar projetos. Aí sim os “professores” poderão se dedicar mais ao “pega, pega” de cada dia e investir na profissão de treinadores de futebol.

* O jornalista Maurício Noriega é comentarista dos canais Sportv e da TV Globo. E agora também escritor! 😉 Além disso faz o excelente Blog do Nori (que sempre esteve indicado na nossa barra lateral), que fala de futebol, esportes em geral e outros assuntos, sempre com um olhar diferenciado. Vale a pena visitar!

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