Publicado por: Marcos Silveira | 19/março/2009

Camarote F&N – Copa 2014: Um desafio muito além dos estádios

O F&N pede desculpa pela falta de atualização dos últimos dias e retorna com um artigo escrito com exclusividade para o Camarote F&N.

O convidado de hoje é Ralph Lima Terra, vice-presidente executivo da Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base) e coordenador do Grupo de Trabalho da entidade que estuda as necessidades para a Copa de 2014.

Copa 2014: Um desafio muito além dos estádios

Por Ralph Lima Terra*

A Copa do Mundo de 2014 só ocorre daqui cinco anos, mas o setor de infraestrutura já está em contagem regressiva para receber o evento. Muito além da construção de grandes arenas para receber os milhares de torcedores que virão assistir ao espetáculo, há bastante trabalho a ser realizado para que a Copa ocorra com sucesso.

Adiantando-se à necessidade iminente de planejamento e organização do setor, em 2005, a Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib) já se movimentava diante da então possibilidade da realização do evento em território nacional, participando de encontros de negócios em cidades brasileiras e alemãs ao lado da Comissão Mista Brasil-Alemanha, tendo até a oportunidade de acompanhar in loco a organização e realização da última edição da Copa. Essa experiência resultou na assinatura de um memorando de entendimentos com a intenção de compartilhar informações e conhecimento, sempre visando ao planejamento da infraestrutura necessária para o recebimento de um evento desta magnitude no Brasil.

Reprodução do site do Grupo de Trabalho 2014 da Abdib

Reprodução do site do Grupo de Trabalho 2014 da Abdib

Quando a Fifa anunciou o Brasil como sede do Mundial de 2014, os trabalhos da Abdib se intensificaram, culminando no termo de cooperação técnica com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Governo Federal, representado pelo Ministério do Esporte, em maio de 2008, para realização de estudo que indicaria a situação da infraestrutura nas cidades candidatas e os investimentos necessários para receber tão grandioso evento.

Para se ter uma ideia, desde a assinatura do acordo, cerca de 50 profissionais, entre consultores, empresários e especialistas participaram da elaboração do estudo, até então inédito. Centenas de projetos, das 18 cidades que se candidataram, foram examinados e milhares de indicadores qualitativos e quantitativos, coletados e analisados.

Abarcando nove setores – portos, aeroportos, mobilidade urbana, saneamento básico, telecomunicações, energia elétrica, segurança pública, saúde e hotelaria -, o estudo desenvolvido pela Abdib buscou comparar o estágio em que se encontram as cidades candidatas, apontando investimentos viáveis e sustentáveis para atingir os patamares adequados para receber a Copa.

Entendemos que, com o relatório em mãos, será possível agir de maneira planejada, para que, ao final da Copa, o país aproveite, como legado, taxas maiores de crescimento e desenvolvimento econômico e social. Por isso, ao sugerir projetos de investimento para melhorar as condições de infraestrutura das cidades, o estudo seguirá duas diretrizes principais. A primeira é a lógica privada dos investimentos necessários, evitando pressão sobre os orçamentos públicos. A segunda é que os projetos sejam sustentáveis economicamente e financeiramente, evitando que fiquem ociosos após a realização da Copa do Mundo.

É inegável que há muito a ser feito e que existam inúmeros obstáculos. Porém, com a ação conjunta de governos e iniciativa privada, conseguiremos obter o consenso necessário para superar os desafios em busca de melhorias na infraestrutura, desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. O adiamento da escolha das cidades-sede consome dois meses importantíssimos que poderiam ser melhor empregados na implementação dos projetos de investimento e nos ajustes necessários para que a Copa seja bem-sucedida. Esse prazo terá de ser compensado com foco em planejamento, eficiência e determinação nos planos de investimento nas cidades. O trabalho está somente começando.

* Ralph Lima Terra é vice-presidente executivo e coordenador do Grupo de Trabalho Copa 2014 da Abdib. Vale a pena dar uma olhada no site que a Associação preparou com informações das 18 cidades candidatas a sede do Mundial.

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Respostas

  1. O meu questionamento sobre a Copa 2014 é a seguinte: O Brasil, se gostaria de sediar a Copa e sabia de antemão que haveria candidatura única, já deveria ter iniciado os trabalhos nas cidades candidatas a serem sedes, para quando os observadores da FIFA fossem realizar as visitas, encontrassem verdadeiros canteiros de obras, com a construção de hospitais, ampliação e melhoria de aeroportos e malha rodo-ferroviária, construção de hotéis, melhoria e ampliação dos transporte públicos, deixando mesmo só a construção e/ou reforma dos estádios por fazer.
    Creio que esse cenário impressionaria muito mais os observadores da FIFA do que foi na última visita destes, já que dizem que a impressão passada foi péssima.

    Agora, como o governo espera a escolha das 12 cidades para então iniciar as obras, me traz um pensamento à cabeça: Será que o Brasil só merece serviços e infra-estruturas melhores pelo fato de receber um evento dessa magnitude?
    Por que não fazer como a China, que faz mudanças profundas na infra-estrutura do país para poder receber grandes eventos, e não o contrário, esperar receber um grande evento para se movimentar?

    Creio que 4 anos (sim, pois em 2013 o país sede recebe a Copa das Confederações, um teste para Copa), seja muito pouco tempo para efetuar todas as obras para que o evento esteja à altura dos outros já realizados.

  2. Uma pesquisa da Informídia Pesquisas Esportivas, publicada pelo jornal Valor Econômico, revelou que o Palmeiras foi o clube brasileiro com a maior exposição na mídia em 2008. O nome do Palmeiras recebeu o equivalente a R$ 2.754 bilhões em mídia espontânea, o Corinthians ficou em segundo seguido por SPFC, Flamengo e Santos.

  3. Eu particularmente acho até graça quando ouço falar nessas partecias publico-privadas para construções de estadios e arenas no Brasil.

    Todas as vezes em que isso aconteceu o governo entrou com 95% do dinheiro e a empresa privada deu miseros trocados e ficou com a fama.

    Esse país é de brincadeirinhas.

  4. esse é o preço de termos politicos e governadores tao mal preparados, com a copa o Brasil tera que correr contra o tempo, se quiser sediar uma copa digna de orgulho pro povo, mais o Brasil é assim mesmo, o Arnaldo Jabor ainda vai comentar esse assunto na tv.

  5. O que mais ouço dizer é que a copa vai aumentar o fluxo de turistas no país, só que esqueceram que a maioria das cidades não disponibilizam um numero adequado de leitos em hotéis

  6. Ao tratar do flagelo das enchentes na cidade de São Paulo, o SPTV da Globo acaba de fazer uma denúncia séria:

    O terreno ao lado do CT do Corinthians, em Itaquera, onde deveria ser construído um hemocentro, foi transformado em um lixão clandestino, onde é jogada grande quantidade de entulho e lixo em geral.

    Além de ocasionar problemas sanitários e entupimento de bueiros, o lixão clandestino também serve de esconderijo para delinqüentes que assaltam as pessoas que passam pelo local. Vários integrantes das categorias de base do Corinthians já foram vítimas das ações dos meliantes.

    A Prefeitura se limitou a dizer que procura fazer a limpeza do local (aliás, no mesmo SPTV, o prefeito Kassab, com aquela vozinha irritante, falou das ações do seu governo para resolver o problema das enchentes; não convenceu ninguém).

    O caso desse lixão revela a política da atual administração municipal: ações de “perfumaria” (como a “Cidade Limpa”), investimentos em áreas nobres da cidade e o abandono da periferia.

    Ora, ao invés de apoiar uma candidatura fadada ao fracasso, que é a do Morumbi, por que a Prefeitura não propõe ao Corinthians uma Parceria Público Privada (PPP) para construir um estádio naquela região de Itaquera?

    A região é carente de investimentos públicos. A construção de um moderno estádio ali beneficiaria grande parte das milhões de pessoas que habitam a Zona Leste, com as conseqüentes melhorias nas vias de transportes, incremento das atividades econômicas e dos serviços públicos.

    Um novo estádio para 80.000 pessoas em Itaquera atenderia plenamente as exigências de uma Copa do Mundo e beneficiaria muito mais pessoas, em comparação com o estapafúrdio projeto de reformar o defeituoso Morumbi e beneficiar um contingente populacional restrito (e composto, em grande parte, por integrantes da parcela mais privilegiada da sociedade).

  7. Ralph,

    Verei com calma o site.

    O Brasil tem um grande potencial turistico, tanto de passeio, quanto de negócios. A copa do Mundo é uma oportunidade singular para desenvolvimento da infraestrutura necessária para aumento do turismo, devido à comoção que ela causa. Um estudo que aponta as carências dessas praças é um excelente ponto de partida para um gasto racional da verba destinada a essa melhora de infra estrutura.

    Abraços

  8. Prezado Ralph,

    Parabéns pelo trabalho e pelo texto publicado aqui no F&N.

    Te vi no Soccerex mas não tive a oportunidade de conhecê-lo. Publicarei em breve um paper sobe o Impacto Econômico da Copa de 2014.

    Um dos principais pontos do paper é apresentar como realizar o projeto estratégico para a Copa de 2014 integrando as fontes de financiamento do investimento em infra-estrutura e a alocação estratégica dos recursos.

    O paper apresenta o conceito do efeito multiplicador dos investimentos púbicos e privados.

    Um abraço.

    Amir


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