O jogo da seleção Brasileira no Mineirão no último dia 18 foi uma grande festa (exceto, talvez, pelo futebol apresentado pelos dois times). Mais de cinqüenta mil pessoas acompanharam a partida in loco, colorindo o estádio do Mineirão.
O governo estadual, em guerra aberta com São Paulo pelo direito de sediar a partida inicial da Copa do Mundo de 2014, preparou um evento bonito, com direito a shows no intervalo do jogo. O governador Aécio Neves, patrocinador da festa (com dinheiro público, naturalmente), esteve presente ao jogo e mesmo antes dele já recepcionava políticos e dirigentes, desenvolvendo sua estratégia de cooptação de aliados.
Assim como aconteceu na partida entre Brasil e Uruguai, disputada no estádio do Morumbi no ano passado, investiu-se em uma espécie de maquiagem na arena. O Mineirão recebeu obras nos bancos de reservas, no vestiário dos árbitros, na sala reservada para os exames antidoping e nas instalações para imprensa. Pela TV pudemos ver o corredor de entrada dos atletas no gramado coberto por um gramado artificial e com as paredes forradas por cortinas novas e ainda imaculadas. Cerca de um milhão de reais foi gasto com essas pequenas novidades e mais um milhão foi investido no aluguel de dois telões gigantes, instalados em lugar dos velhos placares eletrônicos.
Como se pode perceber, pouco ou nada se usou da verba pública para melhorar as condições oferecidas aos torcedores. E, o que é pior, as precárias condições estruturais do estádio continuaram afetando sensivelmente os serviços oferecidos ao público.
O Mineirão em dia de clássico. Destaque para o estacionamento.
A Folha de São Paulo de 18/06 publicou matéria apresentando dados do relatório “Estádios Brasileiros de Futebol, uma análise de desempenho técnico, funcional e de gestão”, de autoria de Carlos de La Corte (2007), já citado por nós em artigos anteriores desse blog.
Para que se entenda o porquê de não ser possível uma melhoria efetiva nas condições de visibilidade a menos que se faça uma reforma completa a ponto de derrubar as arquibancadas (no todo ou ao menos em partes), basta conhecer algumas informações apresentadas nesse relatório.
Desconsiderando as gerais, fechadas para o jogo da Seleção, o estádio oferecia 57.000 lugares para o público; pois nada menos que 13.760 ofereciam algum tipo de restrição à visão total do gramado, bloqueada por pilastras, placas de publicidade ou bancos de reservas.
O governador apresenta o Mineirão aos inspetores da FIFA. Repare, no anel inferior, nas pilastras que atrapalham a visão dos torcedores.
Mais grave ainda é a inclinação dos degraus das arquibancadas, completamente superada em comparação com novas arenas. O Mineirão tem nas cadeiras inferiores uma inclinação de degraus que se limita aos 13 graus e de apenas 10 graus nas gerais, enquanto em arenas modernas essa inclinação chega a 30 graus, graças a tecnologias mais recentes de construção. Portanto não é algo que se possa adequar com a mera instalação de novas cadeiras… naturalmente essa defasagem arquitetônica não é privilégio do Mineirão; o Morumbi tem, especialmente no anel inferior, um problema semelhante – e o que é pior, o conceito de reforma apresentado pelo São Paulo F.C. simplesmente ignora esse aspecto, conforme admitiu em entrevista o renomado arquiteto Rui Otake, autor do projeto.
No Mineirão promete-se uma reforma mais ampla, mas que infelizmente será realizada integralmente com dinheiro público. Logo, parece-me que podemos abandonar qualquer expectativa de que os autores do projeto tenham preocupação com a adequação arquitetônica do estádio de forma a permitir o desenvolvimento de novos serviços e a ampliação das receitas – afinal o pay back do empreendimento não é uma restrição em obras públicas, ao contrário do que acontece com o investimento privado.
O fato de tudo ser pago pelos cofres do governo representa mesmo um grande problema. Vimos nos jogos pan-americanos do Rio o que aconteceu com as previsões iniciais de custos e como as obras tiveram seus valores multiplicados. Quanto maior a reforma proposta e quantos maiores os valores envolvidos, mais problemas teremos. A reforma do Maracanã também nos mostrou que obras em estádios publicos tem seus custos efetivos se aproximando e às vezes superando o que seria necessário para a construção de uma nova arena – desde que erguida com recursos privados.
Há ainda um problema estrutural presente tanto no Mineirão quanto na maioria dos grandes estádios do Brasil: a exagerada distância das arquibancadas em relação ao campo. No estádio mineiro o ponto mais próximo do campo (desconsiderando a geral, interditada) fica a 44 metros de distância. Para que se tenha uma idéia, a Fifa recomenda a distância de 10 metros – não é uma exigência, é verdade. Distâncias ainda menores são preferíveis em relação a grandes espaços separando a audiência do jogo. Para a Fifa a proximidade com os jogadores melhora sensivelmente não apenas a visão da partida, mas a experiência dos torcedores.
O estádio mineiro, por um outro lado, possui uma importante vantagem estrutural em comparação com o Morumbi, que é a existência de um estacionamento para 4 mil veículos (como se pode ver na primeira foto desse artigo). O trânsito menos engarrafado também é um ponto positivo.
Há defensores da demolição do estádio para que em seu lugar se erga uma arena moderna. José Eustáquio Natal, diretor da Ademg (órgão que administra o Mineirão), já adianta que isso não será possível, uma vez que o estádio é tombado pelo Patrimônio Público. Veremos em breve quais serão as propostas efetivas para esse empreendimento. Já se diz que o estádio receberá uma cobertura para aumentar o conforto dos torcedores e terá seu gramado rebaixado, a exemplo do que foi feito no Maracanã.
Ilustração do Mineirão reformado destaca o futuro teto
Em tempo: o estádio do Mineirão possui o nome oficial de Estádio Governador Magalhães Pinto. Foi inaugurado em 5 de setembro de 1965 e teve seu recorde de público no jogo Cruzeiro 1×0 Vila Nova, em 1997, quando 132.834 pessoas assistiram à partida.
Aguardo com grande expectativa a analise sobre a Arena Palestra Itália, o futuro estádio da Copa de 2014 em SP. As obras começam em julho e vc fica falando desses projetos fantasiosos, sendo que metade desses ai nunca sequer sairão do papel…
Lembrando: A OBRA DA ARENA PALESTRA COMEÇA EM JULHO (PROXIMO MES). JÁ TEM INVESTIDOR (NÃO É DINHEIRO $$$ PUBLICO), JÁ TEM MODELO DE NEGÓCIO, O PROJETO JÁ ESTÁ APROVADO PELA PREFEITURA, E O PROJETO SERÁ APROVADO NO CONSELHO DO PALMEIRAS COM QUASE UNANIMIDADE (ESPERAM QUASE 80 DE APROVAÇÃO)….
REPITO: A OBRA COMEÇA EM JULHO…..QUANDO COMEÇAM AS OBRAS DO MINEIRÃO E ESSE PROJETO FEITO NO PAINT BRUSH?
A ARENA PALESTRA É O PROJETO MAIS ADIANTADO DE TODOS…
PALMEIRAS SEMPRE É PIONEIRO…
Depois desse comentário tão educado e interessante, acho que deveria deixar meu convite para que você gaste um pouco de seu precioso tempo e escreva sobre a arena do Palestra. Se for bem feito eu publico, sem problema. Seria mais produtivo que criticar o trabalho alheio e também um tanto mais trabalhoso, mas seria bem educativo, garanto-lhe.
Escreverei sobre a reforma do Palestra na semana que vem, atendendo a solicitações bem-educadas e colaborações de nossos leitores, e também porque é um assunto de grande interesse, assim como a arena do Grêmio.
De resto, convido a todos que tiverem algo a dizer sobre o Mineirão para que deixem seus comentários. Sobre outras arenas falaremos brevemente.
Mauricio
Mauricio
By: Rafael P on 20/junho/2008
at 6:20 pm
Belo post, Maurício. Acho interessantíssimo mostrar a realidade de todos os estádios que têm projetos para sediar algum jogo da Copa de 2014.
Como era de se esperar, acontecerá no Mineirão mais um fuzuê com o dinheiro público. Hipervalorização da obra e um estádio que deixa a desejar, mesmo depois de reformado, como o Maracanã.
A Arena Palestra criou muita expectativa nos torcedores, como eu. Mas ainda não é possível achar muita notícia sobre esse gigantesco empreendimento – os próximos passos.
Acredito que São Paulo vai acabar sediando alguns jogos da Copa com 2 estádios: Morumbi, pela tradição, e a Arena Palestra. Porque eu não acredito nesses superprojetos no Nordeste, tampouco em novos e modernos estádios no Centro oeste.
By: Diogo Cardone on 20/junho/2008
at 9:02 pm
Olha, sinceramente, eu acho q deviam derrubar o mineirão, ou então construir outro estádio, se for pensar na copa do mundo
Como ta sendo falado aí, a inclinação é mto baixa (aumenta a distancia do torcedor pro gramado) a distancia da arquibancada ate o gramado é de 44m! É mta coisa, nem deve dar pra ver o jogo direito.
e o PIOR de tudo, se gastarem dinheiro no mineirão além de ser dinheiro público não iriam conseguir arrumas esses problemas aí(o estádio continuaria ultrapassado)
BH tem dois grandes clubes, na minha opniao eles tinham q pensar em levantar um estádio novo
Em relação ao morumbi, é a mesma coisa, mas pelo menos não vai entrar dinheiro público (assim espero).
Eu torço para q a arena do palmeiras ou um novo estádio do corinthians seja a sede de SP, ou então o SP resolva criar um novo estádio.
By: Marcelo Seian on 20/junho/2008
at 9:25 pm
Eu sou contra derrubar o Mineirão, construir outro estádio iria gastar muito mais dinheiro, além do Mineirão ser sim um patrimônio, acredito ser possível uma reforma ampla que ajude a deixar o estádio com condições de ser sede de uma Copa do Mundo.
Vejam o Estádio Luzhniki em Moscou, construido há mais de 50 anos na época do comunismo, palco dos Jogos Olímpicos de 1980, estava desgastado e abandonado, passou por grandes reformas, hoje é um luxuoso estádio que sediou a última decisão da Liga dos Campeões da Europa. No Brasil, o Maracanã é um exemplo, depois de ter passado por uma recauchutada antes do Pan, hoje é um estádio 60 ou 70% de Copa do Mundo.
O que me preocupa e me deixa confuso é porque?Tanta dificuldade para construir um estádio sem dinheiro público. Será que não poderia haver parcerias com os clubes, tudo bem que Cruzeiro e Atlético-MG não têm condições financeiras de assumir o estádio. No caso teria que ser feito o mesmo do Engenhão, através de uma concessão pública.
A gente sempre escuta, que investidores estrangeiros interessam em construir ou reformar estádios no Brasil. Porque eles nunca aparecem? Como fazer para se construir arenas com recursos privados? O que fazer para atrair ou tornar estáveis esses investimento?
By: Filipe Rodrigues on 21/junho/2008
at 1:44 am
Belo projeto!!
Mas desses projetos de estádio o que mais me impressionou até agora foi o do figueirense até pela questão de não ser construindo para a copa e sim para seu torcedor.
OT: Você sabe se o Botafogo publicou o seu balanço?
Existe algum site do governo ou de algum conselho que eu poderia encontrar?
Obrigado.
By: Vitor Alves on 22/junho/2008
at 1:14 am
Caro Maurício, obrigado pelo Post e por levantar a questão. Qualquer análise desta natureza deve ser feita com fatos e dados técnicos para que não pareça uma crítica “partidária”, bairrista ou como a manifestação de qualquer interesse próprio.
É com essa isenção que você faz sua análise, como sempre equilibrada, sendo que o único “interesse” é a melhora da qualidade dos serviços prestados ao consumidor, bandeira que também carrego.
Eu recorro, para discutir esses aspectos, ao relatório do SINAENCO, de Novembro de 2007, que analisou vários estádios no Brasil, inclusive o Mineirão; é uma análise técnica, isenta feita por profissionais da engenharia e arquitetura. A avaliação do Mineirão tem resultado abaixo da crítica, só para citar um exemplo, o placar eletrônico tem pilares de sustentação no meio de uma arquibancada, precisa dizer algo mais? O problema de inclinação e distância são temas referentes às tendências de arquitetura vigentes à época, totalmente incompatíveis com as tendências atuais, ditadas pelo mercado.
Concluindo e respondendo a pergunta título, não, prazo de validade vencido, assim como o Maracanã e o Morumbi, que é problema do SPFC apenas.
O que também temos de combater é a forma pela qual os dirigentes políticos e do futebol tem usado para defender as candidaturas de suas cidades e estados a sediar jogos de 2014; estas formas são os indícios que quais serão os critérios que irão preterir, certamente, os aspectos mercadológicos, de infra-estrutura e conforto ao público. Continuo com minha férrea posição do quanto isso é lamentável.
Abraços,
Robert
By: Robert Alvarez Fernández on 23/junho/2008
at 10:15 am
Essas maquiagens em estádios brasileiros são constantes e esses poucos milhões de reais empregados sai do bolso do brasileiro. Eu quero ver quando começar as grandes reformas e construções de estádios, se o de disse o Presidente da CBF, Ricardo Teixeira que não haverá dinheiro público na construção e reforma de estádios…
O Mineirão esta em lugar privilegiado tem uma grande área para estacionamento. Precisa de uma reforma ampla (desculpa o juízo de valor,acho a arquitetura dele feia….).
O Brasil precisa fazer uma Copa com suas possibilidades e realidade não somos a China ou Alemanha para ter uma Alianz Arena ou um “Ninho dos Pássaros” e em de estádios desse nível inúmeras favelas.
By: Cleber on 23/junho/2008
at 1:27 pm
O estádio Olimpico de Berlim foi construído para as olimpíadas de 36, e reformado, sediou a final da Copa de 2006.
Ou seja, não é necessariamente obrigatória a construção de novos estádios para a Copa.
O que deve ser analisado é se a reforma é viável. Muitas vezes o custo é proíbitivo e os benefícios são reduzidos. Nesses casos a construção de uma nova praça esportiva pode ser justificado. Portanto as questiões levantadas pelo Maurício são fundamentais, mas infelizmente temo que não serão levadas em consideração.
E é claro que o uso de dinheiro público para a reforma do estádio é uma má notícia. Seguindo o exemplo do Estádio de Berlim, um consórcio privado ganhou a licitação para reformar o estádio, e agora explora as receitas junto com o Herta Berlim e a prefeitura da cidade.
By: Ricardo Antunes da Costa on 24/junho/2008
at 10:18 am
Como atleticano gostaria que o galo tivesse sua própria arena, mas isso é impossível porque não tem dinheiro pra construir, nem uma parceria decente pra tal. Além do mais, a ADEMG cobra um absurdo dos clubes mineiros pelo aluguel do estádio. Se o Atlético tivesse uma arena própria ela deveria ter pelo menos 60.000 lugares. Os times mineiros estão aguardando a reforma do estádio, por isso estacionaram seus projetos de arenas. Espero que o Mineirão fique melhor.
By: Ednei on 24/junho/2008
at 3:17 pm
Lá vem mais um projeto para maquiar um estádio enquanto os envolvidos enchem os bolsos com dinheiro público.
Podem colocar cobertura, novas cadeiras, rebaixar gramado. No fundo será o mesmo estádio velho, ultrapassado e que não oferece as mínimas condições de receber um evento de grande porte, como é uma Copa do Mundo.
Maracanã, Mineirão, Morumbi… Esses estádios deveriam vir abaixo, para que fossem construídas novas e modernas arenas. Mas isso nunca vai acontecer, por um simples motivo: um estádio novo não precisa de reformas. Logo, teria menos dinheiro para ser desviado.
By: Giuliano Vieceli on 23/julho/2008
at 4:33 pm
sinceramente o mineirão tem capacidade de receber os jogos da copa do brasil porem tem que arrumar muita coisa e eu estou preocupada por que se o mineirão entrar em reformar não vai ter como eu ir aos jogos!!!!!!!!!!1111
By: jennifer on 24/setembro/2008
at 3:03 pm
Toda vez que vou ao Mineirão, assisto jogo em pé… Não sei se isso se deve a angulação das arquibancadas, ou sei lá porque. O conforto, segurança e boa visibilidade do campo, hoje são fatores primordiais para se assistir um jogo de futebol. Não creio que eles consigam melhorar o estádio para copa do mundo. Esse papo de patrimônio público é furado, maquiar o estádio não resolve nada. Não sei como os dirigentes da Fifa cairam nessa esparrela!! Eles deviam ser taxativos e decretar exigência de um novo estádio. Pô!! a gente merece a modernidade, pagamos tantos impostos ( os mais caros do mundo ) e continuam enfiamos carne de segunda goela a baixo da gente!! Já era hora da gente exigir carne de primeira!! A gente paga tudo caladinho e só toma na tarraqueta!! Tenho dito!!
By: Nelson on 13/fevereiro/2009
at 1:35 pm
Olá a todos,
Primeiro eu sou Palmeirense e pra mim essa WTorres só está fazendo propaganda este estádio do Palmeira e uma fantasia também.
Segundo eu queria que me tirassem uma duvida eu passei de rapido num jogo do Atletico e parece que eu vi uns vaos criado na geral e impressão minha ou já estão mechendo no Mineirão?
Terceiro e sobre o Idepedencia quanto vão reformar ele para os jogos quando o Mineirão estiver fechado
Quarto todas as fotos do Mineirão são as mesma,gostaria que alguem me falasse onde poderia acha o layout do Mineirão atualizado.
Grato a todos
By: Leandro Silva on 4/abril/2009
at 10:50 pm
Engraçado que as obras no palestra Italia ja era para esta pronta né! como comentou nosso amigo ai o primeiro a comentar a reforma do mineirão, Eu acredito que a reforma do mineirão sera muito benéfica que com certeza o nosso governador tudo que ele tem prometido ele tem executado com a maior eficiencia e o mineirão sera sim o estádio mais moderno do Brasil!!!
By: Ronie Lima on 3/maio/2009
at 3:00 pm