Publicado por: Amir Somoggi | 4/março/2008

Modelo de negociação de direitos – II


Respostas

  1. Amir, obrigado pelo texto e análises, sempre muito importantes.

    Se aceita uma sugestão, seria legal mostrar como tal divisão se faz no Brasil e comparar com o modelo inglês tomando-o como paradigma dominante, ou benchmark na linguagem mais do dia-a-dia.

    O modelo inglês da busca pelo mais próximo do equilíbrio mas não deixando de remunerar o desempenho bom é uma característica da cultura anglo-saxônica protestante; um exemplo emblemático disto é o modo de escolha de jogadores universitários nas ligas esportivas norte americanas, o DRAFT.

    Com isso se busca o equilíbrio competitivo para garantir interesse pelo esporte, bastante sensato e não preciso dizer o quanto dá certo, né ?

    Respondendo sua pergunta e me desculpe pelo simplismo, acredito que o modelo inglês seja bom, porém, implantá-lo no Brasil, reconheço, teria imensa resistência dos clubes maiores, penso eu pois a única visão de longo prazo da maioria dos clubes é quando precisam antecipar cotas de outros anos pra “fechar o caixa”. Muito ácido de minha parte ???

    Olá Robert,

    Creio que não seria nada fácil implementar um modelo focado em desempenho no Brasil, mas creio que seria uma boa saída para os clubes menores, que aí poderiam receber valores um pouco melhores.

    O nosso problema é que os clubes grandes somente aceitam qualquer mudança que amplie os seus ganhos individuais e não a visão coletiva dos direitos. Mas o Santos saltou de grupo e depois de algum tempo ninguém mais reclamou.

    Gosto sempre de apresentar o modelo criado pelos ingleses, que embora a PL negocie os direitos por exemplo de telefonia com a Vodafone, cada clube pode estruturar seu projeto individual. A Liga tem o direito sobre o site oficial da competição, mas os clubes fazem seus prórpios projetos, como apresentei no post Premissas Equivocadas-I, os casos de Liverpool e Juventus.

    Um abraço.

    Amir

  2. Eu sempre tenho a impressão que aqui no Brasil, terminar nos primeiros quarto (ou cinco lugares) e classificar para o Libertadores é suficiente para a maioria dos clubes. Ganhar a liga parece não ter o mesmo status que tem no Reino Unido. Para alguns torcedores no Gran Bretanha, ser o vencedor da liga é o mesmo que ganhar a copas dos campeões. Não é uma questão financeira; é uma questão do orgulha e de ser campeio do próprio pais. Eu não sei se os clubes no Brasil recebem mais dinheiro quanto melhor a posição no Campeonato Brasileiro. Mas se oferecer um incentivo financeiro traz maior motivação para ser campeio, eu acho que seria positivo para o Campeonato Brasileiro.

    Olá Jon,

    Obrigado pela participação.Ninguém melhor que um Britânico para nos falar sobre a Premier League. Posso imaginar a alegria dos torcedores do Chelsea, por exemplo, com o primeiro título da PL na era Abramovich.

    Aqui no Brasil os clubes recebem uma premiação por títulos na Série A e eventualmente em outras competições. São valores ainda pequenos e focados no título conquistado ou vice-campeonato. Ajuda, mas depende muito do clube atingir o topo da tabela e uma 5ª ou 10ª posição de nada valem.

    Um abraço.

    Amir

  3. O modelo da PL é excelente, e seria ótimo se fosse aplicado no Brasil. Mas como já foi dito, vai ser difícil os clubes que ganham mais largarem o osso.

    Ainda em relação à PL, quando o americano comprou o Man Utd, se falou que ele poderia negociar os direitos de transmissão individualmente, coisa que Flamengo e Corinthians já pensam em fazer por aqui também.

    O que me gerou uma dúvida: Se, por exemplo, o Figueirense vende seus direitos de transmissão para a Record, enquanto que a Globo fica com os direitos dos outros 19 clubes, que jogos a Record pode transmitir? Todos os do Figueirense? Somente os jogos realizados no Orlando Scarpelli? Ou nenhum?

    Olá Ricardo,

    Fiz essa mesma pergunta para um advogado que trabalha com clubes. Ele me falou que não seria tão simples transmitir os jogos de um clube que venda os direitos individualmente, já que há a utilzação da imagem dos outros clubes nas transmissões.

    Veja o caso do Corinthians, a FBA tem a competição, mas pelo que foi noticiado não está negociando os jogos do Corinthians, que quer receber muitos milhões R$ por isso. Assim, para que o Timão esteja na telinha, terão que pagar em separado para o clube. Isso já ocorreu com o CAP no Paranaense e com o Sevilha na Liga Espanhola, que não aceitaram os valores negociados.

    Um abraço.

    Amir

  4. Eu fiquei com a mesma dúvida do Ricardo Antunes.

    Nos casos em que um clube negocia os direitos de transmissão isoladamente, o clube adversário (que não tem esse contrato) também recebe algum valor? Deveria, afinal ele também faz parte do espetáculo… como isso funciona?

    Um exemplo: o Real Madrid vendeu os direitos de transmissão pra Sky e vai jogar contra um time pequeno pela Copa do Rei (e o jogo será transmitido). O Real Madrid já recebeu uma bolada pelos x anos de contrato. Esse pobre time da terceira divisão da Espanha receberia alguma coisa?

    Olá Filipe,

    As transmissões dos jogos da Liga estão negociados individualmente pelo Real. Na Copa do Rey até onde sei é um outro contrato. Essas questões são realmente importantes e mostram como a negociação individual dos direitos é maléfica para a competição e para o mercado como um todo.

    Na prática, se um clube não assinar o acordo para transmissão de seus jogos, nenhum jogo pode ser transmitido, mesmo o clube sendo visitante.

    Um abraço.

    Amir

  5. Meu xará Ricardo Antunes levantou uma questão interessante, sobre a divisão de cotas de trasmissão há canais televisivos. Como é feito na PL? E aí Amir, esclaressa nossas dúvidas.

    Abraços.

    Ricardo,

    Na PL o contrato é coletivo conforme apresentei no post. Se o Manchester não lutou para negociar individulmente é porque sabia que a regulamentação da PL jamais permitiria essa possibilidade.

    Enquanto o Glazer sonhava em “peitar” a Liga, o Moores (antigo dono do Liverpool) construíu uma plataforma absolutamente eficiente na Internet. Coisa que o Manchester até hoje não tem.

    Um abraço.

    Amir

  6. Acredito que o modelo inglês é o mais justo . Infelizmente ,imaginar que o mesmo seja implantado no Brasil é como crer em Papai Noel . Especialmente considerando a mentalidade média do brasileiro que só pensa no seu lucro pessoal e nas suas vantagens e “o resto que se dane” . É curioso ver que , de um modo geral , o brasileiro (incluindo aí dirigentes de futebol) sonha em ser europeu liberal ,mas tem comportamento prático de feudo europeu medieval . De onde se tirou essa idéia de que uma determinada entidade (Clube dos Treze) pode se apossar dos direitos do futebol brasileiro e ,pior, determinar quem ganha mais e quem ganha menos a bel prazer? Esse Clube dos Treze está matando a nossa maior paixão aos poucos ,elitizando o futebol, afastando-o cada vez mais dos pequenos centros e tirando dos clubes menores a chance de crescer ou mesmo sobreviver .É o totalitarismo , o “Apartheid” no futebol, a Ditadura branca , que segue em frente com o apoio da “TV Que Manda Em Tudo ” aliada ao cinismo dos comandantes desse malfadado Clube dos Treze.
    Tudo bem “cara de Brasil”

    Prezado Vryzas,

    O modelo praticado pelo C13 realmente é limitado, já que ficou restrito à negociação de contratos televisivos e eventualmente a comercialização de alguma cota de patrocínio.

    O erro da entidade foi não ter criado em 1987 uma Liga Nacional nos moldes do que se praticou na Europa. Realmente na Inglaterra há um modelo mais justo de divisão das receitas que deveria ser aplicado em nosso mercado, que seguramente valorizaria o futebol como um todo.

    O Brasil precisa de uma regulamentação de 1ª,2ª, 3ª e 4ª divisão a fim de que o futebol se profissionalize e o C13 deveria encabeçar essa mudança. Concordo que estamos distantes dessa realidade.Mas os clubes pequenos vivem implorando uma ajuda ao invés de instituir uma gestão profissional e lutar por seus direitos em grupo.

    Mas o termo elitização é um pocuo compicado já que em qualquer país do mundo as divisões de acesso sempre gerarão valores muito inferiores à 1ª divisão, esse é um fato que temos que aceitar.

    Um abraço.

    Amir

  7. oi gostaria de receber algum modelo de contrato de futebol; jogador x empresario x clube, coisas do tipo,gostaria de entender melhor o assunto.
    obrigado


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