Será que valeu a pena para o Botafogo alugar o Engenhão?
Será que o Engenhão foi realmente projetado para o futebol?
Será que o clube vai conseguir um dia negociar os “naming rights” do estádio, ou seja, vender o direito de dar nome à arena para algum patrocinador? E será que nesse caso o apelido “Engenhão” cederá seu espaço na mente dos torcedores para uma nova denominação?
Será que a localização do Engenhão é adequada e de fácil acesso?
Será que o Engenhão tem condições de sofrer alterações arquitetônicas? Será possível legalmente?
Será que o Botafogo (ou qualquer outro clube carioca) foi consultado na fase de obras do Engenhão? Será que algum executivo foi escutado, na tentativa de estruturar o estádio para futuras oportunidades de negócio?
Pois bem, amigos. O Estádio João Havelange, que já nasceu com o péssimo apelido de Engenhão, teve sua construção integralmente bancada por dinheiro público, orçado inicialmente em R$ 166 milhões e concluído com os questionados R$ 320 milhões.
Com capacidade para 45 mil pessoas, foi projetado para receber as competições de atletismo dos Jogos Pan-americanos – Rio/2007, sendo descartada desde sua inauguração a possibilidade de receber um único jogo da Copa 2014.
Tirando estas minúcias, vem o questionamento: o aluguel do estádio foi um bom negócio para o Botafogo ou foi um alívio para a prefeitura do Rio?
O clube vai utilizar o Engenhão por vinte anos, pagando um aluguel de valor não muito esclarecido (as informações variam de R$1.500,00 a R$30.000,00 mensais). Bem, também não é esse o ponto mais importante no contexto desta discussão.
A questão é: o Botafogo vai tirar proveito econômico deste estádio, além de ter uma vantagem esportiva?
Pois o projeto do Engenhão não oferece condições para o Botafogo criar áreas para conseguir gerar tráfego de pessoas diariamente no local, ou seja, não comporta um espaço para eventos ou shopping center, área de alimentação, entretenimento etc.
O Engenhão foi projetado com foco nas competições de atletismo do Pan, ou seja, temos um estádio que não recebeu qualquer tipo de customização para um clube de futebol local, e não há identidade afetiva deste com o estádio.
A localização do Engenhão recebeu muitas críticas, e pelo que se sabe não houve um estudo sério de viabilidade. Temos um estádio dentro de um bairro residencial popular, de ruas estreitas e de difícil acesso.
Infelizmente essa é a realidade do projeto e construção do estádio mais moderno do país do futebol: planejamento nulo, feito com dinheiro público, grandes estouros no seu orçamento, nascido para ser palco de competições de atletismo e leiloado para um clube de futebol, e desde o início vetado para receber sequer uma partida da Copa 2014.
Por estes motivos eu levantei tantas dúvidas no início deste post. Como pode ser viável um projeto com tantos questionamentos? O Engenhão deve servir de exemplo para a Copa 2014… um perfeito exemplo do que não deve ser feito!
Caro amigo
Você tem + dúvidas do q respostas no assunto descrito. Você não poderia obter + esclarecimentos até pra todo mundo poder entender o q voc descreveu?
Obrigado pelo comentário. Os questionamentos foram intencionais para estimular uma reflexão sobre o assunto. Para mim as conclusões são um tanto claras, e todas são negativas. Talvez eu não tenha conseguido ser claro em minhas observações, ou talvez não tenha sido compreendido.
Mas esclarecimentos não posso dar, porque não tenho informações. Na verdade gostaria que nesse espaço para comentários alguém fornecesse informações que desfizessem minha impressão. E a proposta é essa mesmo: questionar e ampliar o conhecimento mutuamente.
Posso lhe afirmar que em nosso blog falaremos muito sobre planejamento e gestão de arenas, já que esse foi o tema de nosso Trabalho de Conclusão de Curso na pós-graduação em Marketing Esportivo na ESPM.
E apenas uma observação que realmente não ficou muito clara foi em relação ao Botafogo, onde entendo ao meu ver, fez um bom negocio, pois adquiriu o direito de explorar um estádio novo por trinta anos, com um aluguel irrisório.
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Renato on 31/janeiro/2008
at 9:37 am
Parece-me que as questões levantadas já indicam algumas respostas.
Em resumo, projeto de estádio feito às expensas públicas tende a não considerar as necessárias premissas de negócios para se tornar um empreendimento que gere retorno e seja sustentável.
E esse é o grande risco nos projetos de construção e reformas de arenas para a Copa 2014, caso o processo seja conduzido pelo poder público.
Maurício,
Esse é o cerne da questão, construção sem planejamento e como erário público.
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Maurício Bardella on 31/janeiro/2008
at 11:24 am
Bom negócio é estádio cheio; alugar, construir, reformar um estádio para as médias de público do campeonato carioca definitivamente não é.
De nada adianta um estádio novinho se não se estabelecem processos cômodos e fluídos para o consumidor, uma gama de serviços de conveniência e não se trabalha a experiência do torcedor. Estádios novos + “produto velho” só não adianta.
Essa é uma das nossas bandeiras. O exemplo do Botafogo/Engenhão, em minha opinião, mostra como não fazer, por enquanto.
Robert
Agradeço o comentário, e concordo integralmente, não adianta colocarmos uma “McLaren para correr em uma estrada de terra” (esta foi em sua homenagem).
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Robert Alvarez Fernández on 31/janeiro/2008
at 11:54 am
Caro Francisco, obrigado pela homenagem !!
Realmente não tem jeito mesmo; o produto está velho e “capenga”.
No entanto, um reposicionamento do futebol passa por melhores acomodações dentre outras coisas….e só o reposicionamento com melhores resultados financeiros por meio de melhor adesão do público poderá fundear a construção de novas arenas….estaríam nossas propostas caindo no “dilema Tostines??”
Creio que não Robert,
Temos que bater muito nas mesmas teclas:
-Serviços,
-Conforto,
-Facilidades,
-Segurança,
-Entretenimento.
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Robert Alvarez Fernández on 1/fevereiro/2008
at 1:29 pm
Francisco, conclue-se que perderam todos! Uns menos, afinal os R$ 36 mil/mês de aluguel são absolutamente nada em se considerando as práticas do mercado imobiliário real (a regra do 1% ao mês imporia algo como CEM vezes isto). Outros, mais, em especial os contribuintes de todo o país que custearam um Estádio que – nas suas palavras – é “um perfeito exemplo do que não deve ser feito”!
Infelizmente é mais um exemplo do descaso com que os governos tratam o dinheiro do contribuinte. Num país com consciência orçamentária do grande público, os responsáveis pelo Comitê organizador do Pan estariam, no mínimo, em sérias dificuldades. Aqui, são louvados por grande parte da imprensa e recebem a missão de organizar um evento dez vezes maior. Deus nos ajude!
Olá Plínio,
Felizmente vejo que você entendeu a critica feita no post, pois é isso mesmo, todos acabaram perdendo, uns mais outros menos.
E o principal é, o povo contribuinte é o que perdeu mais, incluindo o contribuinte botafoguense.
Mas como você bem observou, as pessoas que participaram do projeto “Pan 2007”, estão à frente de um projeto muito mais ambicioso, só não sei se é para o Brasil ou para eles.
Termino como você terminou, DEUS NOS AJUDE !!!
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Plinio on 4/fevereiro/2008
at 1:16 pm
Francisco, com certeza não foi algo bem planejado, talvez por tratar de dinheiro público…
Outra questão a ser elaborada, é a seguinte: até que ponto torna-se viável para um clube de futebol de “grande porte” de 1ª divisão do futebol brasileiro, ter um estádio de futebol.
Fico pensando em seus rendimentos, como até sublocação, áreas patrocinadas, shoppings, áreas de lazer e etc… Mas o valor a ser destinado a construção de um estádio, do suporte de um engenhão, e de acordo com todas as normas de qualidade, olha só o valor gasto. Fora gastos com manutenção, impostos, pessoal, plantas e etc..
Pela situação economica do futebol brasileiro, salvo um ou outro como São Paulo que tem o Morumbi. Será também que o valor da locação como o Maracanã, para um público aí regular de um Campeonato Brasileiro de 20 mil pessoas não seria compensatório? incluindo todas as taxas a serem pagas ao seus donos.. Sem contar as dores de cabeças que os clubes sofrem com reformas, manutenção do estádio, limpeza, algumas trajédias como jah ocorreram em São Januário, Fonte Nova, Mineirão, o Próprio Maracanã etc…
Fica aí uma pergunta no ar:
Ter ou não ter um estádio de futebol, eis a questão??
Olá Rafael,
Com certeza eu afirmo categoricamente que com um bom estudo e planejamento é muito rentável para um clube ter sua própria arena, este assunto foi o tema do meu TCC – Trabalho de Conclusão de Curso da pós-graduação de Administração e Marketing Esportivo.
Abraço
Chico
By: Rafael on 7/março/2008
at 8:04 pm
Olá Francisco foi boa as suas perguntas é necessário refletir. Vejo que esta nova praça esportiva se bem utilizada e bem entendida pelo povo carioca será uma das maravilhas do mundo .Enganam-se os que pensam que o Botafogo é dono, não! pertence ao povo carioca, eles são os verdadeiros donos. Você deixou bem claro, é dinheiro público.Qual é a dúvida ? O dinheiro público é para servir o público e o engenhão terá que ter esta função social, servirá o público atraindo turistas haja vista ser o Rio de Janeiro o tambor do Brasil. Servirá o público no incentivo ao esporte e ou mesmo tempo afastando os jóvens das drogas traçando horizontes para juventude. Servirá ao público ao propiciar mais oportunidade de emprego em lojas, shoping, e empreendimentos comerciais diversos. O engenhão não é só para o futebol. É acima de tudo uma casa de negócios. Repito o engenhão não é do Botafogo é do meu mengo é do flu do vasco e de todo povo carioca.Gostaria de receber sugestões.Um abraço e boa páscoa para todos.
Olá Manoel,
Primeiramente peço desculpa pela demora em responder.
Quanto a suas observações concordo em parte com as mesmas, pois realmente é como você falou, o Engenhão é do povo carioca ou melhor, como contribuinte ele também é meu, dos paulistas, dos pernambucanos, dos gaúchos, dos mineiros e dos …….
Mas o certo é que ele atualmente é contratualmente do Botafogo por longo prazo.
E gostaria de ser otimista em acreditar que todos estes benefícios ocorram em um futuro próximo, o que seria bom não só para o futebol, mas para todos os brasileiros em especial o povo carioca.
O meu comentário foi apenas para refletirmos o lado não tão charmoso do arrendamento da arena João Havelange, que não teve qualquer tipo de planejamento na sua concepção, tanto que estourou o orçamento varias vezes, e não teve planejamento futuro, tanto que os clubes cariocas não foram consultados antes do projeto, o que poderia ter facilitado uma customização futura, trazendo todos os benefícios que você comentou em um tempo mais curto. E o pior, tudo isso nós sabíamos, mas não foi colocado em pratica pois era dinheiro público.
E deixo claro que o Botafogo não tem culpa de nada, ele apenas aproveitou uma grande oportunidade, e o tempo dirá se ele tirará proveito.
Abraço
Francisco Ortega C J
By: Manoel Pereira Filho on 19/março/2008
at 10:27 pm
oi!
Li o seu texto, entendi o que vc quis dizer, mas, discordo de algumas coisas.
Primeiro concordo com vc sobre como foi caro construir o Engenhão. Mas, só quem mora perto sabe como era antes aquela área. Este valor ajudou o bairro a ficar mais revitalizado, deixando os moradores com orgulho de morar num local importante. Sem contar que os imóveis da área se valorizaram e muita gente consegue tirar uma renda nos dias do jogos.
Outra coisa: o apelido Engenhão, ao meu ver, não é feio. É um apelido carinhoso dado pelas pessoas da região e que acabou pegando, não só pelo bairro como também no Brasil inteiro.
Quanto a ser um local de dificil acesso, discordo. Pode-se chegar de trem, ônibus, linha amarela, integração ônibus-metrô, enfim, existem muitas possibilidades. Concordo que as ruas são estreitas, mas mesmo quando o estádio encheu totalmente não existiu problemas.
Moro perto do estádio e sei como ele é importante para as pessoas daqui, para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Para mim, o Botafogo fez um bom negócio em alugá-lo. Os jogos estão enchendo e cada vez mais os torcedores estão se acostumando ao local. Enfim, temos que parar de reclamar deste estádio e começar a pensar em outras coisas, por exemplo, por que nossos atletas se dão mal em competições internacionais? Isto sim é de relevância pois como o estádio já está construído, não adianta ficar chorando encima do leite derramado e sim dar apoio para que ele dê certo e que seja motivo de orgulho, de treinamento para atletas e de renda para todos.
By: ale on 24/setembro/2008
at 2:54 am